Arte sacra abraça comunidades e ajuda a aumentar número de fiéis
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Começa nesta quinta-feira (15) um encontro sobre a arte sacra e as igrejas erguidas nos últimos 50 anos em Roma, evento ambientado nos Museus Vaticanos e no Maxxi, o Museu Nacional das Artes do Século XXI. Durante dois dias, estudiosos de história da arquitetura, da arte e da Igreja irão analisar as questões pertinentes à arte sacra a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), considerada a primeira abertura importante da Igreja para a arte contemporânea, às suas aplicações até hoje.
O tema é vasto e complexo pela evolução dos espaços sacros, mas pode ser delimitado por diferentes artistas e nações. No Brasil, por exemplo, muitas igrejas estão em construção, o que significa, segundo a artista plástica Mari Bueno, de Sinop/MT, que o período de trabalhos com arte sacra não está estagnado.
Arte sacra a serviço da Igreja
É uma área de estudos, comenta a brasileira, que “está a serviço da Igreja” e acessível a todos. A arte sacra, acrescenta Mari, “já fala por si”, porque as pessoas não precisam parar na imagem para ficar admirando os traços ou as habilidades artísticas. “A arte sacra leva à transcendência”.
Artista plástica há mais de dez anos, a brasileira começou a trabalhar sobre temas relacionados à Amazônia, indígenas, flora e fauna. O primeiro dos trabalhos foi a pintura da catedral de Sinop, localizada no início da floresta amazônica. O painel principal, por exemplo, mostra a teologia voltada para a preservação do meio ambiente com Jesus Cristo em meio à Amazônia, envolvido por painéis secundários que remetem à natureza. “A arte sacra é um tema bem generalizado: pode ter embasamento bíblico, mas também pode ser a arte que retrata a natureza, a preservação, a ecologia, também com um cunho de ser sacra.”
Etapas de trabalho que envolve a comunidade
Mari Bueno explica que a obra não se resume ao trabalho feito no espaço de culto, por exemplo, mas ao contexto desenvolvido em cima dele e dentro da própria comunidade:
“Meu primeiro passo é conhecer essa comunidade: como ela é, quem são as pessoas que participam da Igreja, estar por dentro da história dessas pessoas. A partir daí a gente começa a entender as necessidades e as coisas essenciais dessa igreja; e, depois, então, parto para o estudo, desde a localização e costumes, questão teológica, litúrgica e pastoral. E aí começo a criar as imagens para o espaço, com uma unidade, onde nada é aleatório, com contexto e sentido catequético; e a definição da técnica, das cores e do material que irão ser utilizados para a revitalização do espaço. Então, a execução do projeto.”
Arte sacra da catequese à homilia e ao aumento de fiéis
A artista plástica explica ainda que a obra não termina aí, porque o trabalho, com a finalização, é explicado para a comunidade já que na arte sacra tudo tem um significado: da cor aos elementos colocados, com embasamento teológico, seguindo a Igreja e as suas normativas que orientam os artistas plásticos para a execução nos espaços sagrados.
Um trabalho que também pode ser utilizado na evangelização da comunidade, nas aulas de catequese ou mesmo como ilustração da homilia na missa: uma arte sacra à serviço da Igreja.
“Fui fazer um trabalho numa estrutura mais econômica, de pré-moldado, que estava pra ser terminada há 10 anos. A comunidade da Igreja de São Mateus foi atrás de doações e, unidos na fé e na colaboração, conseguimos terminar a obra. E, depois de organizados espaços como esse, há uma resposta muita bonita da comunidade: muitas vezes com número de fiéis que dobrou, ao abraçar sempre mais pessoas.”
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui