Bispos da Sardenha dizem "não" à produção de armas na ilha italiana
Cidade do Vaticano
“Hoje, também em nossa região, precisamos de uma boa política que faça o trabalho crescer, um ‘trabalho livre, criativo, solidário e participativo’. Um trabalho digno, que permita a todo trabalhador e trabalhadora voltar para casa toda noite com a satisfação de ganhar o pão digno e de ter contribuído para o progresso da sociedade.” É o que escrevem os bispos italianos da Sardenha, numa mensagem por ocasião da marcha pela paz, que se realiza esta sexta-feira, 28 de dezembro, em Villacidro, organizada pela Caritas da Diocese de Ales-Terralba.
“Um trabalho que possa fazer a paz crescer e consolidar-se, respeitoso da vida humana e da salvaguarda da criação, como evocamos em nossa mensagem de outubro passado, à distância de um ano da Semana Social de Cagliari. A produção e o comércio das armas não contribuem certamente para a paz, mesmo se dão trabalho para muitas pessoas e colocam a Itália entre os primeiros lugares na classificação dos fabricantes de armas”, precisam os prelados.
Venda e tráfico de armas constituem ameaça séria para a paz
A Igreja sempre defendeu com firmeza que “a venda e o tráfico de armas constituem uma séria ameaça para a paz”, ao passo em que no mundo “as despesas militares crescem cada vez mais e se registram ainda muitos ‘conflitos esquecidos’: no ano passado foram 378, espalhados em várias partes do planeta, dos quais 20 classificados como guerras de elevada intensidade”.
Não se pode homologar a produção de bens necessários com a produção que gera morte
Segundo os bispos sardos, “a gravíssima situação econômico-social não pode legitimar toda e qualquer atividade econômica e produtiva, sem que se avalie responsavelmente sua sustentabilidade, dignidade e o respeito pelos direitos de toda pessoa”.
Em particular, “não se pode homologar a produção de bens necessários para a vida com a produção que certamente gera morte. Esse é o caso das armas construídas em nosso território regional e usadas numa guerra que causou e continua gerando no Iêmen (país asiático) milhares de mortos, em sua maioria civis inermes. Um business trágico que parece não ter nenhum culpado, porque os vários países envolvidos dão entre si, reciprocamente, a culpa um ao outro”.
Produção num dos territórios mais pobres do país
A questão, acrescentam, “torna-se ainda mais dilacerante, do ponto de vista ético e socioeconômico, porque tal produção se dá num território, o nosso, que é um dos mais pobres do país, ainda desprovido de perspectivas para o trabalho. Desse modo se oferece um salário seguro a nossos operários, mas eles devem submeter-se ao inaceitável por falta de alternativas justas e dignas”, ressaltam os bispos da Sardenha.
(Sir)
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