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Proteção das matas e rios é vital para as comunidades Proteção das matas e rios é vital para as comunidades 

Comunidades do Tocantins e Araguaia unidas em defesa da vida

A antropóloga Moema Miranda, o bispo de Miracema (TO), Dom Philip Dockmans, Elza Ferreira, do Centro de Direitos Humanos, de Formoso do Araguaia e Wagner Katami, do povo Krahô Kanela, participam de encontro promovido pela REPAM em vista do Sínodo Amazônico.

Paulo Martins – Miracema
Cristiane Murray – Cidade do Vaticano


A Amazônia e seus habitantes acolhem nestes meses que precedem o Sínodo dos Bispos, programado para novembro de 2019, com uma série de eventos de escuta. A Rede Eclesial Pan-amazônica, REPAM-Brasil, proporciona ocasiões de encontros, rodas de conversa e Assembleias Territoriais em que o povo de Deus é chamado a participar e dar suas respostas ao Questionário proposto como base para os temas do Sínodo.

Em Miracema/TO, no Centro de Treinamento de Lideranças da diocese, começou na manhã de sexta-feira (30/11), o Encontro de Bacias Tocantins-Araguaia. As atividades estão reunindo povos indígenas, ribeirinhos, quebradeiras de coco e representantes das comunidades dessa região.

Comunidades do Pará, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso envolvidas no evento

O encontro reúne mais de 100 pessoas das dioceses paraenses de Marabá, Cametá, Conceição do Araguaia e São Félix do Xingu; às maranhenses Imperatriz e Carolina; Tocantinópolis, Miracema, Palmas, Porto Nacional e Cristalândia, no Tocantins; e algumas das Igrejas particulares do Mato Grosso: São Félix de Araguaia, Barra do Garça e Rondonópolis – Guiratinga (MT). A bacia hidrográfica Tocantins-Araguaia compreende o norte e o oeste de Goiás, a fronteira leste de Mato Grosso, todo o estado do Tocantins, o sudoeste do Maranhão e uma faixa à leste do Pará que cruza todo o estado do sul até o litoral.

A origem desse encontro, de acordo com Moema Miranda, assessora da REPAM-Brasil, é o reconhecimento de que na Amazônia as águas e os povos são parte da mesma vida:

“Desde o início da Rede, foi identificado que as bacias são caminhos de vida, e são caminhos de como nós, como Igreja, no momento de repensar uma nova Igreja na Amazônia, deveríamos fortalecer, ampliar as redes, as ações e as articulações”

Ainda segundo Moema, “o principal sentido de um encontro de bacias, como esse, de acordo com a assessora, é identificar com clareza quais são as ameaças que os povos diversos e plurais estão sofrendo, mas quais são, também, os vieses de força e sobrevivência. Então, esse é um encontro de articulação da Igreja com o que já está nos territórios em defesa da vida”.

As bacias do Tocantins e do Araguaia cortam praticamente todo o regional Norte 3 da CNBB

De acordo com Dom Phillip Eduard Roger Dickmans, bispo da Diocese de Miracema, anfitriã do encontro, a atividade é uma oportunidade de reflexão:

“São dois braços cheios de água, que dão muita vida, mas que podem ser cortados a qualquer momento”, afirmou o bispo. Por isso, segundo ele, é importante a realização desse encontro. “Nós precisamos ter consciência de que não vai ser fácil, o monstro é grande, o agronegócio, os latifundiários, enfim, mas enquanto nós tivermos a fé e a esperança e ficarmos lutando, isso vai sempre ser um sinal e luz na escuridão”

Durante toda a manhã, os participantes do encontro falaram sobre os sinais de força e resistência, preocupações, ameaças e alianças, a partir de algumas questões que foram enviadas anteriormente para se prepararem para participar do evento.

Ouça a reportagem completa

 

Elza Ferreira, do Centro de Direitos Humanos, de Formoso do Araguaia, espera que o encontro seja uma oportunidade para se buscar saída para as dificuldades encontradas em toda a bacia do Tocantins e Araguaia:

“Que encontremos saída para as situações que estamos vivendo, temos que ter resistência”

Para Wagner Katami, do povo Krahô Kanela, do município de Lagoa da Confusão/TO, entre os desafios enfrentados pelo seu povo está a demarcação do território e o avanço do agronegócio:
“De uma área de 31 mil hectares, apenas 7 mil foram demarcados. Em segundo lugar vem a proteção das nossas matas e rios, que estão praticamente mortos, por causa do avanço do agronegócio na região”, disse o jovem indígena.

Oportunidade de escuta dos povos no caminho de preparação ao Sínodo para a Amazônia 

De acordo com Moema Miranda, ainda que o cenário de 2019 se apresente como desafiador para os povos amazônicos, principalmente as populações tradicionais, o Sínodo em 2019, é um sinal do Espírito: “Temos confiança de que esse encontro acontecendo na ambiência do Sínodo, ele fortalece os mesmos princípios e os mesmos valores”, enfatizou Moema.

“Todos nós estamos muito preocupados com o ano de 2019, que será muito desafiador. O Papa Francisco foi inspirado pelo Espírito Santo, quando chamou o Sínodo para outubro de 2019, porque ele pode ser um momento de uma grande Boa Nova para nós que estamos enfrentando as dificuldades do ano que vem. E qual é a Boa Nova? É de que os povos unidos e unidos ao rio, unidos à terra, têm a força e a possibilidade de disputar um futuro de vida para todos nós”

 

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Abertura do encontro em Miracema (TO)
01 dezembro 2018, 09:42