Nicarágua: anulada a procissão pela paz em Manágua
Cidade do Vaticano
A tradicional procissão do Santíssimo Sacramento, que desde 1968 se realizava partindo do Colégio Cristo Rei até a Catedral de Manágua, nunca precisou de autorização da polícia local. Porém desde outubro passado, foram proibidas todas as manifestações nas ruas que não tenham sido convocadas pelo Governo. Sábado à noite (29/12) o Cardeal Brenes formalizou uma nota da arquidiocese de Manágua com a qual comunica que “a atividade programada para janeiro será limitada a uma Oração na parte da tarde com a adoração do Santíssimo Sacramento na Catedral de Manágua, seguida por uma Missa”. Sem informações particulares sobre o motivo que determinou a mudança de programa, o comunicado se limita a sustentar que “a escolha foi feita para favorecer o ambiente de oração e de reflexão da comunidade eclesial arquidiocesana”.
A polícia presidiu a área da procissão
Na área onde se deveria realizar a tradicional procissão, a polícia nicaraguense mobilizou um forte sistema de segurança, até com o uso da polícia de choque. Desde as primeiras horas da manhã os agentes cercaram a área conhecida como Cristo Rei, de onde os fiéis católicos partiam para chegar à Catedral de Manágua, situada no centro da cidade, a poucos quilômetros de distância. Os nicaraguenses usaram as redes socais para se manifestar contra a presença da polícia na área, local do tradicional evento da Igreja católica na Nicarágua.
Um evento para recordar o Dia Mundial da Paz
A procissão tinha sido anunciada pelo clero nicaraguense como um ato de fé, apesar da crise sócio-política que a Nicarágua está atravessando, e também como uma contribuição da Nicarágua para recordar o Dia Mundial da Paz, que a Igreja Católica celebrou no dia primeiro de janeiro em todo o mundo.
A repressão do governo causou centenas de mortes, feridos e desaparecidos
As relações entre o Estado e a Igreja na Nicarágua ficaram muito tensas desde abril passado quando explodiram os protestos anti-governamentais em Manágua e em outras cidades nicaraguenses, com enfrentamentos que causaram a morte de centenas de pessoas, de 325 a 545 ou 199 segundo o Governo. E nos dramáticos dias em que a polícia interveio de modo violento contra os manifestantes, a Igreja ficou ao lado das vítimas. As agências falam de centenas de desaparecidos e 674 “prisioneiros políticos”, enquanto que o governo confirma 340 prisioneiros, que chama de “terroristas, “golpistas” e “criminais comuns”.
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