Diálogo nacional para um país em chamas, defendem jesuítas no Haiti
Cidade do Vaticano
Para o padre Jean Denis Saint-Félix, o discurso do presidente causou na população "desapontamento, repugnância, raiva, vergonha", também por não conter nenhum anúncio de medidas em resposta à crise que paralisou o país, lançando-o no caos e na emergência humanitária.
Citando analistas políticos e com base em seu conhecimento da situação, o sacerdote - em declaração à Agência Fides - lista as demandas da população os motivos dos protesto: alto custo de vida, justiça social, perda de poder aquisitivo, desvalorização da moeda, injustiças e corrupção.
Imprensa e instituições ilustram a deterioração da situação socioeconômica, com hospitais e centros de saúde sem oxigênio há vários dias, supermercados com prateleiras vazias, crescente falta de acesso à água, alimentos e cuidados médicos urgentes. Além disso, "os filhos de famílias de baixa renda estão morrendo de fome em muitos bairros pobres do país", adverte o religioso, que pergunta: "Qual a saída? Até onde chegará o presidente da República? "
Padre Saint-Félix pede um diálogo nacional e inclusivo para superar a crise
Para o sacerdote, o presidente Moïse deve sair, "e não sozinho, porque as outras autoridades do Estado são igualmente inadequadas e corruptas". Idêntico é o conceito expresso em uma nota assinada por representantes da Igreja Católica, dos protestantes e anglicanos, dirigida aos principais protagonistas dessa dramática situação.
Para o jesuíta, no entanto, essa crise parece nos oferecer uma oportunidade que deve ser aproveitada rapidamente: "chegou a hora do diálogo exigido por todos os estratos da sociedade haitiana. É impossível ignorá-lo". E descreve as características que deveria ter: um diálogo “nacional e inclusivo”, que requer a participação de "homens e mulheres honestos, competentes e credíveis", que leve a uma nova Constituição, a instituições verdadeiramente republicanas, a uma verdadeira reforma econômica e ao processo Petro-Caribe "(que envolveria cerca de quinze ministros e o atual presidente).
O compromisso dos jesuítas de promover o diálogo nacional
O país não irá mudar se continuar a faltar "uma tomada de consciência e um compromisso patriótico firme e sincero, voltado a construir de uma sociedade mais justa, equitativa e próspera".
As "pessoas boas" que permanecem trancadas em casa devem sair do silêncio e do papel de espectadores. Além do papel da imprensa, padre Saint-Félix recorda a responsabilidade dos religiosos e dos intelectuais na busca da justiça e da dignidade".
“Nós jesuítas haitianos faremos o nosso dever de entrar em contato com todos os setores da vida nacional e propor juntos um espaço no qual refletir sobre os mecanismos atuais desse diálogo necessário". Para esse fim, conclui o religioso, "queremos mobilizar todos os nossos recursos, tanto humanos como materiais, nossos contatos e nossos talentos, tanto a nível nacional como internacional", citando como exemplo "os colegas e as universidades jesuítas que participaram de análogos processos em países como El Salvador e Colômbia" ( Agência Fides)
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui