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Dom José Luis Mumbiela bispo de Santíssima Trindade em Almaty no Cazaquistão Dom José Luis Mumbiela bispo de Santíssima Trindade em Almaty no Cazaquistão  

Igreja no Cazaquistão: realidade e esperanças

Vatican News conversou com Dom José Luis Mumbiela Sierra, bispo no Cazaquistão: ele falou da fé e das esperanças de seu povo.

Griselda Mutual - Cidade do Vaticano

Dom José Luis Mumbiela Sierra, bispo de Santíssima Trindade em Almaty no Cazaquistão, esta em Roma para a visita ad Limina Apostolorum, e concedeu uma entrevista ao Vatican News na qual fala um pouco sobre a realidade da Igreja Católica no seu país. A entrevista foi realizada por Griselda Mutual.

Os senhores estão em Roma por ocasião da visita ad Limina Apostolorum. Uma pergunta que muitas pessoas fazem no Ocidente: como é a vida da Igreja no Cazaquistao?

Creio que a Igreja no Cazaquistão é uma Igreja jovem, relativamente jovem como "estrutura", - a Igreja Católica depois da independência em 1991 criou estruturas eclesiásticas, (quatro dioceses) -, a maioria dos católicos está ao norte, porque são os deportados alemães e poloneses que estão no norte do país, também no noroeste, onde se situa a cidade de Karaganda, berço de muitas vocações já nos tempos soviéticos. Ali tivemos a beatificação há dois anos e meio do primeiro Beato (Ladislao Bukowinski, ndr), que era um sacerdote polonês deportado para aquelas terras, que também estava na prisão (no Stalin gulas), e com muita santidade. Santidade herdada dos sofrimentos de muitos fiéis, uma santidade às vezes até mesmo entre os não católicos, porque é uma terra de muito sofrimento injusto, carregada de paciência, de pessoas que tiveram que sofrer por longos anos.

É, portanto, Igreja de origem "do sofrimento", e ao mesmo tempo, tem grande esperança, muita devoção. Há pessoas muito religiosas no sentido do sagrado, com um enorme desejo de transmitir a fé. Essa é a impressão que tenho dos jovens de lá. Há áreas onde havia muito poucos católicos e a Igreja está crescendo ali, precisamente entre lugares que não são de tradição cristã ou católica. Há também muita emigração para outros países por razões econômicas, sociais, etc. Essa é a Igreja que tenta crescer: numericamente somos muito poucos, no máximo 1% da população que é de 18 milhões de pessoas, mas vamos em frente! Com uma grande esperança que é o que temos diante de nós.

Quais são as esperanças que os senhores vão colocar à atenção do Santo Padre nesta visita ad Limina?

A esperança de que a semente do Evangelho cresça sempre na direção da santidade. E essa santidade, também para nós, vai em direção a unidade com Roma. A unidade com o Santo Padre é fundamental para nós, e os católicos do Cazaquistão sabem que a unidade com Roma está "em seu sangue", porque em tempos soviéticos sofreram muito na defesa dessa fé. Fidelidade a essa catolicidade significada pelo Santo Padre.

Acrescenta-se que, uma vez que há muitos poloneses e que o Papa anterior era polonês, então, no carinho pelo Papa, estamos acima do céu e da terra, certo? É uma sociedade que ama muito o Papa, o que é um sinal muito positivo. O povo do Cazaquistão é um povo que ama o Santo Padre, que reza por ele, que ama a sua Igreja e que, na sua pequenez, tenta pouco a pouco viver o Evangelho, e essa é a nossa grande esperança. É uma igreja jovem com um futuro e um desejo de crescer.

Qual é a situação sócio-política do país, a idiossincrasia do povo Cazaquistão e os primeiros desafios que a Igreja encontra para a evangelização?

A nossa sociedade é uma sociedade pós-soviética, um país que é democrático, no estilo do Cazaquistão. Como cada país tem o seu próprio estilo de democracia, o nosso também tem o seu, que não é melhor nem pior, é nosso, tem as suas virtudes e os seus defeitos. É também uma sociedade jovem e, por isso, está à procura de um novo estilo político. Agradecemos a Deus pela liberdade que temos, porque o governo nos permite uma liberdade religiosa, nos dá liberdade suficiente para nossos movimentos, para evangelizar. Muitos gostariam de ter as possibilidades que temos de movimento.

É um dom de Deus e não podemos nos queixar. Há um governo que promove a unidade e a harmonia entre as diferentes confissões religiosas, porque sabe que a união entre as diferentes religiões é uma condição para a paz social. (...) Politicamente o país também tem seus problemas econômicos como todos os países e como cada país tem seus altos e baixos e nisso estamos com as esperanças e alegrias.

Como é a cultura do povo cazaque?

É uma cultura tradicionalmente nômade, à qual se acrescenta uma amálgama de culturas: há mais de cem grupos étnicos ou nacionalidades, portanto, é uma harmonia de culturas, com predominância da era soviética russa, mas com uma maioria da cultura cazaque e com a adição de diferentes nacionalidades e culturas. É uma cultura muito aberta, é "um pescoço", um ponto de comunicação entre a Ásia e a Europa. Então, é uma "ponte" onde você se diverte a olhar de um lado para o outro, não é? Você está de um lado, você está do outro, a gastronomia é muito variada, você está na Europa, na Ásia, em suma. A África não está lá, mas de qualquer maneira temos quase tudo. Essa é a riqueza do nosso país.
 

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27 fevereiro 2019, 15:13