Venezuela: os bispos pedem ao governo abertura às ajudas humanitárias
Silvonei José - Cidade do Vaticano
A deterioração geral das condições de vida levou o país a situações extremas, particularmente nos setores de alimentação e saúde. A Igreja, nas suas várias instâncias (o Papa, a Santa Sé, a Conferência Episcopal, os religiosos e o conselho dos leigos), pediu várias vezes a possibilidade de abrir um canal humanitário. A resposta sempre foi um clamoroso "não". Atualmente, a Assembléia Nacional, em representação legítima do povo venezuelano, tomou a iniciativa de organizar essas ajudas junto a vários países e nações irmãs. (Como se recorda o presidente do Parlamento é o deputado Juan Guaidò, que assumiu a presidência interina do país, após a reeleição de Maduro nas eleições presidenciais, consideradas ilegítimas na Venezuela e em muitos outros países).
O país precisa de ajudas humanitárias
O regime é obrigado a satisfazer as necessidades da população e facilitar a entrada e distribuição das mesmas, evitando qualquer tipo de violência repressiva. Pedir e receber ajuda não é uma traição à pátria; antes, é um dever moral que diz respeito a todos nós, dadas as dramáticas deficiências e urgências sofridas pelo povo venezuelano.
Ajudas guiadas por protocolos internacionais e não por interesses políticos
Repetimos o que foi afirmado no comunicado da Caritas da Venezuela de 4 de fevereiro último. A possibilidade de ajudas humanitárias gerou muitas expectativas devido às grandes necessidades da população em termos de alimentação e saúde. Queremos lembrar que as ajudas são guiadas por protocolos internacionalmente aceitos para responder a situações de grave crise. Eles não perseguem interesses políticos, mas sim interesses das pessoas mais vulneráveis. Não resolvem todos os problemas da população. A ajuda consiste principalmente nas assistências de emergência, integradores para crianças e idosos com déficits nutricionais e fornecimento de remédios, principalmente terapêuticos. É limitada na cobertura e no tempo. É sempre subsidiária e não substitui o que o estado deve fazer com seus recursos.
O compromisso da Caritas
Na atual crise humanitária, a Caritas renova seu compromisso de participar, junto com outras organizações, no recebimento e distribuição de ajudas humanitárias, contribuindo com sua experiência e capacidades. A Caritas se unirá às ajudas nessa crise de acordo com os princípios de respeito aos direitos humanos e humanitários. A Pastoral social da Igreja, através da Caritas, nos níveis nacional, diocesano e paroquial, desenvolveu durante muitos anos um trabalho forte e reconhecido em benefício daqueles que precisam de atenção imediata, através de vários programas de alimentação, saúde, direitos humanos, gestão de risco, cuidado ambiental e atenção em situações de desastres naturais.
As forças armadas estejam do lado do povo sofredor
"Convidamos as Forças Armadas Nacionais a ficarem do lado do povo ao qual pertencem. O juramento de aplicar a Constituição que fazem os membros das forças militares há como principal destinatário o povo venezuelano: é o compromisso de defendê-lo, proteger seus direitos inalienáveis e fazer resplandecer sua dignidade humana. Em consciência, não devem respeitar ordens que tentam desafiar a vida e a segurança da população. Nestas circunstâncias, devem permitir a entrada e distribuição de ajudas internacionais".
Somos contra todos os tipos de violência
Da mesma forma, nenhuma violência ou manipulação deveria ser gerada entre os cidadãos. As ajudas humanitárias beneficiarão muitas pessoas que estão em situações extremas e, todavia, se trata de um exercício de solidariedade e de organização de um povo, mantendo alta a dignidade e a esperança, e que quer mudar a situação de dificuldades e insegurança que sofre.
A intercessão da Virgem de Coromoto
Pedimos a N. Senhora de Coromoto de unir-se a nós neste tempo de tantas esperanças para o país e interceda junto ao Filho, Bom Pastor, para que nos conscientizemos do que Ele nos ensinou: "Eu vim para que tenha vida e vida em abundância"(Jo 10,10).
Finalmente, o forte apelo às autoridades venezuelanas: ouçam o clamor do povo, deixem entrar e distribuir as ajudas humanitárias em paz!
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