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Cardeal Ranjith: foco deve ser a reconstrução de vidas

Para o cardeal cingalês Malcom Ranjith, a prioridade agora é "reconstruir vidas", pois especialmente as pessoas que perderam seus entes queridos nos ataques terroristas no Domingo de Páscoa, estão destruídas. Ele defende a necessidade de prestar ajuda por meio de programas de aconselhamento. Organizações de caridade internacionais e governos já ofereceram e enviaram ajudas.

Após as terríveis explosões no Domingo de Páscoa no Sri Lanka, grande parte da resposta imediata da comunidade católica foi levantar fundos para reconstruir as igrejas e propriedades que foram destruídas.

No entanto, para o cardeal Malcom Ranjith, arcebispo de Colombo, o foco deveria ser a reconstrução de vidas, e não tanto das igrejas.

Programas de aconselhamento

 

Ao recordar das muitas pessoas que perderam seus entes queridos, ou, em alguns casos, suas famílias inteiras, Dom Ranjith defendeu que “temos que ajudar essas pessoas por uma série de programas de aconselhamento, porque alguns deles estão destruídos”.

Embora muitos que sofreram perdas estejam no momento cercados por familiares e amigos que oferecem seu apoio, quando forem embora, os sobreviventes terão que enfrentar sozinhos a realidade da solidão, “por isso temos que ajudá-los por meio de programas de aconselhamento”, disse o cardeal

Em conversa com o site “Crux”, Dom Ranjith disse que a Igreja também precisará oferecer outras formas de assistência.

Em muitos casos, as crianças ficaram órfãs, as esposas viúvas  e muitas mães perderam seus filhos, (morreram 50 crianças nas explosões). Muitas sofreram ferimentos que exigem tratamento médico demorado e caro. Assim, “há certas coisas com as quais precisamos ajudá-las”, o que inclui apoio financeiro e educação.

As oito explosões no Domingos de Páscoa em três igrejas e hotéis, mataram cerca de 253 pessoas e feriram mais de 500.

Solidariedade internacional

 

Várias organizações internacionais de caridade, e mesmo governos estrangeiros, responderam ao pedido de apoio financeiro.

O padre Mahendra Gunatilleke, diretor nacional da Caritas Sri Lanka, postou um tweet pedindo assistência espiritual e financeira, dizendo: "Pedimos suas orações e apoio neste momento difícil em nosso país".

A filial do Reino Unido da fundação de direito pontifício Ajuda à Igreja que Sofre, lançou um apelo de emergência para apoiar a comunidade cristã no Sri Lanka, e os Cavaleiros de Colombo doaram US $ 100.000 para os esforços de reconstrução.

O governo húngaro, através de seu programa de assistência humanitária “Hungary Helps” para cristãos perseguidos, também prometeu seu apoio, oferecendo US $ 31.000 em fundos de ajuda para crianças feridas e órfãs.

Em 22 de abril, no dia seguinte aos ataques, o secretário de Estado da Hungria, Tristan Azbej, anunciou que havia falado com o cardeal Ranjith por telefone, para falar sobre novas doações. No entanto, nenhuma outra assistência foi anunciada.

Dom Ranjith disse ao “Crux” que “todo mundo está destruído” pelos ataques, porque aconteceu “tão de repente e inesperadamente sem qualquer informação, e, portanto, muitas pessoas foram mortas e foram pegas de surpresa”.

Dificuldade em consolar as pessoas

 

"Eles foram para a Missa de domingo, Domingo de Páscoa, e eles explodiram em pedaços ... toda a nação está sofrendo".

Ranjith, que visitou as igrejas depois dos ataques e que presidiu vários funerais de vítimas esta semana, falou da dificuldade em consolar as pessoas.

"Não é uma coisa fácil consolar as pessoas que perderam seus entes queridos em grande número", disse ele, observando que na quinta-feira de manhã ele presidiu o funeral de um marido e esposa, cujos filhos agora são órfãos.

No início da semana ele presidiu o funeral de um homem e seus dois filhos, e cuja esposa está agora sozinha com "ninguém para cuidar dela". Antes disso, ele enterrou uma mãe e seus três filhos, cujo marido agora está sozinho.

“'Terrível' não é a palavra”, disse Ranjith, explicando que ele tenta assistir a tantos funerais quantos puder, mas “eles são tão numerosos” que ele não pode ir a todos eles e depende de seus bispos auxiliares e sacerdotes.

Atentados não são uma questão de religião, mas de terrorismo

 

Perguntado se ele acredita que os ataques vão desencadear maiores tensões religiosas no Sri Lanka, Ranjith disse que os atentados não são uma questão de religião, mas "uma questão de terrorismo, isso é tudo".

“As pessoas que fazem essas coisas não são pessoas que acreditam em religião. Se eles acreditassem em religião, não colocariam as mãos em uma única pessoa ”.

O cardeal disse que as pessoas ficaram surpresas com o fato de extremistas atacarem o Sri Lanka, insistindo que "não temos razão para sermos atacados".

"Nós não fizemos nenhum mal ao ISIS, nós não fomos e lutamos contra eles, então por que eles fizeram isso com nossas pessoas inocentes?", questionou. "Não podemos entender por que eles fizeram essas coisas horríveis com pessoas inocentes que nunca levantaram uma arma ou qualquer coisa contra eles."

Na esteira dos ataques, muitas pessoas estão pressionando por uma investigação completa sobre quem é responsável e suas possíveis motivações, bem como a maneira como o governo lida com o assunto desde que algumas autoridades foram alertadas pela Índia no início de abril de um ataque planejado.

"Fomos mantidos desinformados sobre isso e, de repente, isso aconteceu, tornando a vida tão miserável para tantas pessoas", disse Ranjith, acrescentando que "é realmente algo antiético e inaceitável".

Estar ao lado do rebanho

 

No entanto, enquanto continua a pressionar o governo em busca de respostas, a prioridade do purpurado é estar ao lado de seu rebanho. Onde as palavras ficam aquém, os gestos são o único conforto que ele é capaz de dar.

"Eu gosto de estar com eles, gosto de consolá-los, gosto de fazer carinho neles, gosto de ser uma pessoa que lhes dê força", disse ele, dizendo que sua mensagem é não desistir, mas continuar seguindo em frente, apesar da grave crise ”.

Ranjith disse que tenta encorajar as crianças que perderam seus pais a “continuarem, semeando o bom nome de seus pais fazendo o que têm que fazer como bons cristãos. Eu quero que eles tomem coragem e avancem com suas vidas.”

(Crux)

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27 abril 2019, 20:25