Bispos mexicanos agradecidos a Francisco por doação a migrantes
Cidade do Vaticano
O episcopado mexicano recebeu com gratidão a resposta do Papa Francisco “ao nosso pedido de ajuda solidária, para enfrentar a emergência migratória com caridade cristã em nosso país”.
De fato, no último sábado, foi comunicado que através do Óbolo de São Pedro, o Pontífice enviou 500 mil dólares a serem usados na subsistência dos migrantes centro-americanos, bloqueados na fronteira com o México, na esperança de entrar nos Estados Unidos.
A grave crise humanitária continua, explicam os bispos em um comunicado: “são numerosas as caravanas centro-americanas que entraram em nosso país a partir de outubro de 2018. Somente em fevereiro de 2019, já eram mais de 75.000 pessoas, e 100 mil em março, segundo relatos das autoridades estadunidenses, que bloquearam esse número de pessoas na fronteira”.
Entre os migrantes que atravessam o país, estão aqueles que estão à espera de uma resposta ao seu pedido de asilo como refugiados nos Estados Unidos e muitos que foram repatriados. Outros tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos, tentando atravessar a longa fronteira que divide os dois países, e muitos acabam ficando no México.
Auxílio de pastorais e organizações da sociedade civil
Um grande número de agentes pastorais católicos tem acompanhado e auxiliado as caravanas de migrantes em seus albergues, em sua travessia até os Estados Unidos, fugindo da pobreza e da violência que encontram em seus países de origem.
A chegada de novas caravanas foi anunciada nos últimos meses, motivo pelo qual a crise humanitária tende a se agravar. Além dos agentes pastorais da Igreja Católica, os migrantes também são atendidos por numerosas organizações da sociedade civil e de outras Igrejas, que oferecem à medida do possível ajuda humanitária, moral e apoio espiritual .
Criminalização do migrante
Nos fronteiras norte e sul, os locais de acolhimento estão superlotados, e entre os habitantes dos povoados e cidades onde estão alguns destes abrigos, começaram a surgir fortes preocupações pelas campanhas informais voltadas a "criminalizar" o migrante, impedindo que consigam um emprego, alugar um apartamento ou mesmo caminhar silenciosamente pelas ruas.
São as diferentes redes de albergues das diferentes dioceses e Congregações religiosas, além de organizações civis, que atualmente atendem às dezenas de milhares de migrantes, enquanto as autoridades, em muitos lugares, não conseguem lidar com a situação e estão sobrecarregadas e não conseguem prestar a ajuda e o tratamento digno que os migrantes merecem.
É necessária uma maior e melhor conexão entre a forte estrutura pastoral e nacional da Igreja Católica e o governo em todas as suas instâncias - dizem os bispos no comunicado - algo que infelizmente não foi concretizado na medida desejada e esperada diante de uma emergência dessa natureza.
Nos dias 15 e 16 de fevereiro de 2019, foi realizado um Encontro Nacional com responsáveis de Casas Migrantes, organizado pela Dimensão da Mobilidade Humana e pela Secretaria Geral do CEM, onde foram ouvidas as principais necessidades desses albergues.
Organização para receber doação do Papa
No final de fevereiro, eles foram convocados de maneira formal e organizadamente, a elaborar projetos para o atendimento de migrantes em meio à emergência, para que a doação recebida do Papa Francisco fosse distribuída de forma ordenada, buscando sua aplicação para atender às necessidades dos migrantes e à funcionalidade das casas onde estão alojados.
No total foram recebidos 27 pedidos de 16 dioceses do país, dos quais 13 projetos foram aprovados. O recurso já atribuído a esses 13 projetos corresponde a 48% da doação recebida do Santo Padre e o recurso está em processo de entrega. Outros 14 projetos estão em processo de verificação, buscando garantir a entrega ordenada e transparente dos recursos.
Com estas ações por parte da Igreja Católica, os bispos expressam sua “firme vontade de continuar a responder a esta crise humanitária, vivida pelos nossos irmãos migrantes, para que possam continuar a receber ajuda, fruto da caridade cristã e da solidariedade,” dizem os prelados.
Pedido dos bispos
Ademais, os bispos pedem aos governos do México e dos Estados Unidos, “que acolham e integrem os milhares de migrantes que já estão em nosso país, aos meios de comunicação para darem uma cobertura objetiva e justa às caravanas que continuam chegando e aos homens e mulheres de boa vontade, que vivem em nosso amado país, a olhar com caridade e misericórdia para o irmão migrante que sofre, e a não fechar o coração e continuar apoiando”.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui