O assassinato do salesiano espanhol é mais um episódio de uma série de assassinatos nas comunidades religiosas do país, palco nas últimas duas semanas de vários ataques terroristas, particularmente no norte e no centro-norte. O assassinato do salesiano espanhol é mais um episódio de uma série de assassinatos nas comunidades religiosas do país, palco nas últimas duas semanas de vários ataques terroristas, particularmente no norte e no centro-norte.  

Outro sacerdote salesiano assassinado em Burkina Faso

Tensão em Burkina Faso, cenário de contínuos ataques terroristas e atos criminosos contra as comunidades religiosas. Na sexta-feira, o sacerdote espanhol, padre Fernando Fernández, foi esfaqueado pelo cozinheiro no refeitório do centro Dom Bosco.

Cecilia Sepia - Cidade do Vaticano

A Igreja de Burkina Faso chora a morte de mais um sacerdote. Trata-se do salesiano de origem espanhola, padre Fernando Fernández, que foi esfaqueado por volta do meio-dia de sexta-feira, no refeitório do centro Dom Bosco, na cidade de Bobo Dioulasso, no sudoeste do país.

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Nenhuma matriz terrorista por trás do ato, mas a vingança do cozinheiro da comunidade salesiana, demitido há dois meses pelo padre Fernando. Durante a agressão também ficou gravemente ferido o padre Germain Plakoo-Mlapa, diretor de estudos, de origem togolesa, levado imediatamente para o hospital. O assassino foi preso pela polícia local.

Padre Fernández era o ecônomo do centro Dom Bosco em Bobo-Dioulasso, a segunda maior cidade de Burkina Faso, localizada a cerca de 300 km a oeste da capital Ouagadougou. Em Bobo Dioulasso desde 1994, os salesianos construíram e administram um centro de assistência para meninos e meninas de rua, um centro de alfabetização e um centro de treinamento vocacional, com mais de 300 alunos.

Ataques contra comunidades religiosas

 

O assassinato do salesiano espanhol é mais um episódio de uma série de assassinatos contra as comunidades religiosas do país, palco nas últimas duas semanas de vários ataques terroristas, particularmente no norte e no centro-norte.

Em 14 de maio, foram assassinados em Dori um Imame e seu filho. Na segunda-feira, 13 de maio, em Bam (centro-norte), quatro fiéis católicos morreram após um ataque de terroristas enquanto carregavam uma estátua da Nossa Senhora em uma procissão.

 

Na véspera foi a vez de seis cristãos, incluindo um sacerdote, o padre Siméon Yampa, morto em Dablo (centro-norte) durante a Missa.

Em 5 de maio, um padre e cinco fiéis foram mortos por terroristas no final de uma cerimônia religiosa em Soum (norte).

Em 15 de fevereiro de 2019, o sacerdote espanhol, padre Antonio César Fernández Fernández, que estava em serviço no Togo, mas que havia se mudado para Burkina Faso, foi morto na fronteira entre os dois países, durante um ataque terrorista que também matou quatro agentes alfandegários.

Desde o início de 2019, 9 sacerdotes foram mortos em todo o mundo: 6 na África e 3 na América Latina.

As reações

 

A situação em Burkina Faso preocupa o mundo e a própria Igreja. O Papa Francisco expressou nos últimos dias sua tristeza pelo ataque à igreja de Dablo e pelo massacre dos fiéis. O bispo de Kaya, Dom Theophile Nare, exortou os cristãos a não cederem ao medo e "à tentação da vingança".

 O arcebispo de Ouagadougou, Dom Philippe Ouédraogo, visto o caráter étnico-religioso das ações terroristas, pediu à população para se opor à violência com fé e união. "Somos um povo e continuaremos a ser um povo", disse ele.

 

De fato, o número de ataques atribuídos a grupos jihadistas como o Ansarul Islam e o autoproclamado Estado Islâmico - que são predominantes - continuam a aumentar, minando sobretudo a coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos.

O ministro das Relações Exteriores de Burkina Faso advertiu que o terrorismo no Sahel está ganhando terreno e que parece ser financiado pelo mercado de ouro, extraído das minas. A ONU expressou sua profunda preocupação com a contínua deterioração da segurança e da situação humanitária e afirmou a "vontade de contribuir para evitar mais desestabilização", não somente em Burkina Faso, mas em todos os países que fazem parte do chamado G5, nomeadamente Chade, Mali, Mauritânia e Níger.

Os países do Sahel, de fato, enfrentam um conflito humanitário incontrolável com 150.000 deslocados apenas em Burkina, 600.000 no Chade e mais de meio milhão de crianças sem educação.

A luta contra o terrorismo e a criminalidade no Sahel "é uma responsabilidade coletiva. É hora de levar a sério a criação de uma coalizão internacional", disse o chefe de diplomacia de Burkina Faso no Conselho de Segurança da ONU. Esses flagelos devem ser "tratados com a mesma determinação do que aqueles que prevaleceram no Iraque e no Afeganistão", disse Alpha Barry, falando em nome dos cinco países membros da Força do G5-Sahel.

 

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19 maio 2019, 10:31