Haiti: bispos divulgam nota sobre escândalo de corrupção no país
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Os bispos do Haiti divulgaram uma mensagem pedindo o combate à corrupção - um “mal endêmico” que ameaça a democracia e a paz social, e o processo aos corruptos. A nota de domingo (9) faz referência ao relatório de 600 páginas da Corte Superior de Contas e do Contencioso Administrativo sobre inúmeros casos de gestão irregular dos projetos financiados pelos fundos da Petrocaribe, um programa de expansão patrocinado pela Venezuela, que nasceu em 2005 para comprar o petróleo venezuelano por um preço vantajoso.
Reação do Haiti com protestos e greve
Uma greve de dois dias, iniciada nesta segunda-feira (10), está paralisando Porto Príncipe, a capital do Haiti, num protesto contra o presidente Jovenel Moise, segundo a Corte Superior, responsável pela má gestão e desaparecimento dos fundos da Petrocaribe. No domingo (9), durante violentas manifestações que reuniram a sociedade civil, estudantes e membros de partidos políticos, 2 pessoas morreram e estradas foram interditadas no país.
A Conferência Episcopal local afirma ter lido “com cautela e consternação” o relatório da Corte Superior e interpreta o mal da corrupção como “uma praga social que afeta as instituições e mina, seriamente, seja do ponto de vista ético que econômico, o crescimento do país”.
Os bispos lamentam que o Haiti seja “sistematicamente empobrecido pela ganância desconcertante de certos líderes vorazes e inconscientes que não levam em conta a difícil situação das pessoas em dificuldade. Tais líderes não ajudam o progresso ou o crescimento do país. A população do Haiti está sofrendo as consequências […] danosas desses atos […] porque a instabilidade política que está afetando o Haiti e o comportamento indigno dos políticos estão prestes a inaugurar no país ‘a era da embriaguez homicida sem limites’ e estamos assistindo – em quase todos os setores da vida nacional – a uma espécie de violência multifacetada da qual ninguém está imune”.
A mensagem dos bispos recorda que “o tempo não serve para acertar as contas, mas para a responsabilidade. Chegou a hora da mudança, uma mudança radical real.”
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