Em Assis, sessão anual de formação ecumênica: riqueza, pobreza e bens da terra
Cidade do Vaticano
“Pobres é uma palavra exigente e ambivalente para todas as tradições cristãs e um termo diferenciador no âmbito social e global”, bem como “a salvaguardada da criação é um compromisso ecumênico forte e concorde.”
Tema dos bens da terra constitui o fio condutor
Na 56ª sessão anual de formação ecumênica do Secretariado de atividades ecumênicas (Sae), que se realiza de 22 a 27 de julho na Domus Pacis de Santa Maria dos Anjos, em Assis – região italiana da Úmbria –, se falará mais uma vez de Igrejas diante da riqueza, da pobreza e dos bens da terra.
A semana de estudo, reflexão e partilha, que reúne principalmente cristãos de diferentes confissões e algumas presenças de judeus e muçulmanos, retoma este ano o tema de 2018, focalizando-o sobre o aspecto da pobreza e considerando ainda o tema dos bens da terra que constitui o fio condutor do biênio.
Ocasião para desenvolver o diálogo inter-religioso
O estudo parte de uma passagem da Carta de São Tiago: “Deus escolheu aqueles que aos olhos do mundo são pobres” (2,5). O “Deus dos pobres” é um tema presente no judaísmo, no cristianismo e no islã. Não por acaso durante a sessão sobre o tema haverá uma mesa-redonda com quatro vozes – judia com Ana Foa, católica com Stefania Monti, protestante com Paolo Ricca, muçulmana com Yassine Lafram –, ocasião para desenvolver o diálogo inter-religioso de modo original.
Junto aos temas inéditos, com uma série de relatores em sua primeira experiência numa sessão de formação ecumênica do Sae, a semana em Santa Maria dos Anjos reproporá algumas das suas linhas-guias constituídas por liturgias, reflexões bíblicas, atenção ao mundo feminino, discussões nos laboratórios – marcadas pelo clima de encontro, colaboração e amizade próprias do ecumenismo vivido.
Reflexão bíblica e analise das desigualdades sociais
O Secretariado de atividades ecumênicas, associação interconfessional de leigos para o ecumenismo e o diálogo a partir do diálogo judaico-cristão, constituiu-se formalmente em 1966 sob a presidência da fundadora Maria Vingiani, mas é desde 1964 que organiza todos os anos uma sessão de verão de formação ecumênica, da qual são publicadas as atas. Leigos católicos, evangélicos, anglicanos, ortodoxos e judeus fazem parte da associação.
Como sintetiza o título do encontro trata-se de uma “pesquisa ecumênica” sobre o tema da riqueza, da pobreza, da criação. A sessão 2019 coloca-se em continuidade com a do ano passado ao entrelaçar a reflexão bíblica com a análise das desigualdades sociais, bem como a relação entre as Igrejas, os recursos econômicos e a condição humana.
Causa dos pobres e a causa do planeta ligadas entre si
No campo espiritual, lê-se no comunicado que apresenta o evento, pobres “é palavra multiforme, que evoca o termo ‘mansos’, ambos presentes nas bem-aventuranças (nas versões de Lucas e Mateus)”.
“Olhando para o futuro do nosso planeta, se deveria, num certo sentido, transcrever a palavra mansidão de modos inéditos; efetivamente, a assunção de estilos de vida permitirá à terra ter um futuro. A causa dos pobres e a do planeta estão inseparavelmente ligada entre si”, observa-se.
Estudo sobre o tema do rico e do pobre nos filmes
Haverá também um laboratório de grupo dedicado ao cinema, ao tema do rico e do pobre nos filmes, à poupança como investimento. O olhar sobre o dinheiro se entrelaçará com a discussão da questão ambiental, desvinculando-se porém, de uma visão do planeta cinema limitada à Europa e EUA.
Está programado, por exemplo, um filme mexicano sobre a relação que os seres humanos podem ter em várias partes do mundo com as outras criaturas e com o ambiente. A última manhã desta 56ª sessão, no sábado, 27 de julho, apresentará uma reflexão sobre o tema “Como viver a fé, quando se sente privados do passado e expropriados do futuro?”.
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