A Companhia de Jesus pede perdão pelos abusos cometidos por um jesuíta chileno
Amedeo Lomonaco, Silvonei José - Cidade do Vaticano
Foi concluída a investigação relativa ao padre Renato Poblete Barth, capelão por mais de 20 anos da instituição de caridade "Hogar de Cristo", fundada pelo padre Alberto Hurtado. A Companhia de Jesus deu a conhecer em um comunicado que uma investigação independente havia sido iniciada após uma denúncia de uma mulher, a senhora Marcela Aranda, em janeiro deste ano. O documento, divulgado pela Província Chilena da Companhia de Jesus, recorda as várias etapas e conclusões da investigação. Além do comunicado há uma declaração pública do Superior Provincial da Companhia de Jesus no Chile, padre Cristián del Campo.
22 casos de abuso identificados
A investigação foi confiada ao advogado criminal Waldo Bown, da Universidade do Chile, que recolheu "mais de 100 testemunhos". Vinte e uma mulheres, além de Marcela Aranda, declararam que foram abusadas sexualmente pelo padre Poblete Barth. Estes graves episódios ocorreram entre 1960 e 2008. Duas mulheres relataram, em particular, que tinham sido abusadas repetidamente. Dos 22 casos assinalados, foram também relatados quatro casos que se referem a abusos de jovens com menos de 18 anos.
Testemunhos críveis
Os testemunhos, considerados críveis, foram, em alguns casos, corroborados por outros elementos que confirmaram os fatos denunciados. Quanto à responsabilidade, tanto individual como da Companhia de Jesus, a investigação também recolheu testemunhos de um número significativo de pessoas, jesuítas e leigos, que falaram de "comportamento inadequado" por parte do sacerdote Renato Poblete Barth. No entanto, não havia provas de encobrimento dos episódios. O advogado Waldo Bown ressalta que, em alguns casos, houve uma "responsabilidade ética" por uma vigilância inadequada.
As responsabilidades da Companhia
A Companhia de Jesus, não só por causa deste caso de abuso, mas também por causa de outros casos, reconhece que não reagiu "com decisão, diligência e eficácia" a "notícias, informações ou sinais preocupantes". Esta falta de resposta, diz o comunicado, permitiu que se verificassem os abusos. E não impediu que tais abusos continuassem.
Pedido de perdão
A Companhia de Jesus pede perdão: "Não agimos com prontidão e seriedade – lê-se no comunicado -, e pedimos desculpas às vítimas de abusos". "Os danos causados – destaca-se ainda no documento - são enormes e, em muitos casos, tão grandes que é difícil medi-los com palavras”. "Estamos envergonhados e dilacera-nos o coração em saber que há pessoas que ferimos”. "Isto é contrário à razão fundamental da nossa missão, que é a transmissão da Boa Nova de Jesus Cristo”. "Pedimos perdão pelos abusos e pela nossa cegueira e negligência”.
Apoio financeiro às vítimas
O comunicado recorda também que a Companhia de Jesus ofereceu apoio financeiro para permitir que as vítimas, que o solicitaram, fossem submetidas a tratamentos terapêuticos. Finalmente, os Jesuítas asseguram o seu compromisso de aprofundar, por causa do caso do padre Poblete Barth e de outros casos, espaços de diálogo destinados a definir medidas reparatórias mais adequadas.
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