Portugal: Área Metropolitana de Lisboa "laboratório" da diversidade religiosa

Domingos Pinto – Lisboa

É um trabalho de investigação sobre a diversidade religiosa na Área Metropolitana de Lisboa ML, a distribuição geográfica das diferentes identidades religiosas, os estilos de vida, as crenças, atitudes, valores e práticas de oração.

Um Estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos divulgado no passado dia 2 de julho em Lisboa e coordenado por Alfredo Teixeira, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, com a colaboração de Helena Vilaça, Jorge Botelho Moniz, José Pereira Coutinho, Margarida Franca, Steffen Dix.

Com 1180 entrevistas no domicílio a residentes da AML, o Estudo realizou-se entre 2 de junho e 15 de julho de 2018. O erro máximo da amostra é de 2,9%, para um grau de confiança de 95%.

Um Estudo que revela “tendências”, diz à VATICAN NEWS o prof. Alfredo Teixeira, que considera que este trabalho de investigação é o grande “Laboratório” das religiões em Portugal.

54,9% dos residentes da AML são católicos — um número que contrasta com os dados de 2011 que apontavam para 79,5% de portugueses identificados como católicos, e com as estatísticas da Conferência Episcopal de 2014 que indicavam 77,03% de católicos em Portugal.

Já em relação às outras religiões, 5% dos residentes da AML são evangélicos/protestantes; 1,3% testemunhas de Jeová; 0,8% muçulmanos; 0,7% budistas; 0,5% cristãos ortodoxos; 0,5% pertencem a outra confissão cristã, e 0,4% pertencem a outras religiões não cristãs.

Quase 35% não se veem representados em qualquer grupo religioso - 22% são não crentes, e 13% afirmam-se crentes, mas sem religião.

Por outro lado, as migrações estão a reforçar as crenças minoritárias, ou seja, depois dos católicos, as religiões evangélicas e protestantes e as Testemunhas de Jeová são as que mais crentes congregam.

O Estudo mostra que 32,3% dos inquiridos não tem “qualquer prática orante”, mas há 49,3% que o fazem. Entre estes, 81% dos evangélicos afirmam rezar “todos os dias”. Já nos católicos essa percentagem cai para 35,4%, e há 13% que “nunca rezam”.

A prática cultual comunitária também varia conforme as religiões: 15,8 % dos católicos declararam ir à missa “uma vez por semana”, e 13,3% “uma a duas vezes por mês”. Entre os evangélicos, 25% garantiram frequentar o culto comunitário todas as semanas, e 35% mais do que uma vez por semana.

Mais de metade dos inquiridos, 50,4%, não alterou a sua posição religiosa ao longo da vida, mas quase 24% deixaram de ser praticantes, embora continuem a acreditar, o que indica “uma certa desarticulação entre crer e pertencer”.

A esmagadora maioria dos inquiridos, quase 91%, nunca sentiu “qualquer tipo de discriminação” baseada na sua posição religiosa. Na convivência mútua, os católicos são os que mais se dão com pessoas de outras religiões.