Bispos de Burkina Faso alertam para tentativas de provocar conflito inter-religioso
Cidade do Vaticano
Agrava-se a instabilidade em Burkina Faso, onde em 19 de agosto um ataque jihadista matou 24 soldados, feriu 7 e deixou outros 5 de seus companheiros desaparecidos. A ação ocorreu nas primeiras horas do dia em Koutougou, no norte do país.
"O povo de Burkina Faso sempre permaneceu firme na luta duradoura contra o terrorismo", disse o presidente Roch Marc Christian Kaboré, que reiterou que o país “nunca abrirá mão de qualquer parte de seu território, à custa de nossas vidas".
No início de agosto, o presidente da Conferência Episcopal do Burkina Faso e do Níger, o bispo de Dori, Dom Laurent Birfuoré Dabiré, havia denunciado os massacres de cristãos por grupos jihadistas com apoio do exterior que, segundo ele, "são melhor armados e equipados" do que exército nacional.
"Se o mundo continuar a não fazer nada, o resultado será a eliminação da presença cristã", alertou presidente da Conferência Episcopal.
Os grupos jihadistas - observou o arcebispo - seguem uma estratégia precisa para colocar áreas cada vez maiores do país sob seu controle, ou pelo menos desestabilizá-las. "Eles foram se instalando dentro de nosso país aos poucos, atacando o exército, as estruturas civis e a população. Agora, o alvo principal parece ser os cristãos. Eu acredito que eles estão tentando desencadear um conflito inter-religioso", disse Dom Dabiré.
"A insegurança continua a crescer e nos obrigou a reduzir as nossas atividades pastorais. Agora é muito perigoso viajar para certas áreas e me vi obrigado a fechar duas paróquias", denuncia o presidente da Conferência Episcopal.
A Igreja Católica representa um quinto dos 16,5 milhões de habitantes de Burkina Faso, cujo governo assinou um acordo com o Vaticano em 12 de julho, garantindo o status jurídico da Igreja e comprometendo-se a "colaborar para o bem-estar moral, espiritual e material" da pessoa humana e para a promoção do bem comum.
Os locais de culto cristãos, especialmente no norte do país, habitado principalmente por muçulmanos, foram alvo de grupos jihadistas após a queda do presidente Blaise Compaore em outubro de 2014.
Em junho, os bispos de Burkina Faso e do Níger denunciaram que seus países "há anos são alvo do terrorismo".
(Agenzia Fides)
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