1567783017966.jpg

A Igreja Católica em Madagascar

Os primórdios da presença católica em Madagascar remontam ao século XVI, quando dominicanos, jesuítas e lazaristas chegaram à Ilha. Os católicos no país são cerca de 35% da população. A Igreja tem uma forte presença no campo da educação, da saúde e caridade e na promoção humana, tendo em suas escolas quase 700 mil alunos.

Cidade do Vaticano

A Ilha de Madagascar tem uma população de cerca 23.652.000 habitantes, com uma densidade populacional de 40 hab/km2. Destes, 8.233.000 declaram-se católicos. Eles estão distribuídos em 22 Circunscrições Eclesiásticas e  438 paróquias. Há mais de 9 mil centros pastorais em todo o país.

Madagascar tem 25 bispos (situação em 31 de julho de 2019), 892 sacerdotes diocesanos e 855 sacerdotes religiosos. Os religiosos não sacerdotes são 735, as religiosas professas 5.0006, os membros de Institutos Seculares 133, os missionários leigos 1.703 e os catequistas 14.395.

O arcebispo da capital,  Antananarivo, é Dom Odon Marie Arsèn Razanakolona, nascido em Fianarantsoa 24 de maio de 1946; ordenado sacerdote em 28 de dezembro de 1975; nomeado em Ambanja em 28 de novembro de 1998; consagrado bispos em 11 de abril de 1999; promovido em 7 de dezembro de 2005.

 

Quanto às vocações sacerdotais, há 930 seminaristas menores e 1.977 seminaristas maiores. A Igreja Católica é proprietária ou administra 5.367 maternais e escolas primárias, 1.024 escolas médias e secundárias e 62 escolas superiores e universidades.

Os estudantes nos maternais e escolas primárias são 479.421, nas escolas médias inferiores e secundárias 202.144 e em institutos superiores e universidades 16.479.

Quanto aos centros caritativos e sociais de propriedade da Igreja Católica ou dirigidos por eclesiásticos ou religiosos, há 20 hospitais, 217 ambulatórios, 24 leprosários, 26 casas para idosos, pessoas com invalidez, 154 orfanatrófios e jardins da infância, 31 consultórios familiares, 7 centros especiais de educação e reeducação, além de 32 outras instituições.

A Igreja em Madagascar

 

Sec. XVI-XIX - As origens

O cristianismo chegou a Madagascar no século XVI com a chegada dos Padres Dominicanos, seguidos pelos jesuítas e lazaristas, e no século seguinte pelos missionários de São Vincente de Paulo. A evangelização na ilha sofre uma primeira brusca interrupção após o assassinato de todos os missionários franceses em 1674.

Na primeira metade do século XIX século, quando começam a entrar na ilha também as primeiras Igrejas protestantes, tem início novas perseguições anticristãs. A obra de evangelização é retomada de forma estável somente na segunda metade do século (após a conversão ao cristianismo de Ranavalona II em 1869), quando o anglicanismo e o protestantismo (luteranos, reformados e quakers) se difunde na ilha.

Os jesuítas, já presentes, haviam levado em frente a evangelização clandestinamente em anos anteriores, aos quais se uniram os lassalistas, os lazaristas, os espiritanos, os salesianos, os maristas e religiosas de diversos institutos. Entre 1896 e 1898, a partir da Prefeitura Apostólica de Madagascar (1841) são criados os três Vicariatos Apostólicos do Madagascar do Norte (hoje Arquidiocese de Antsiranana), Central (hoje Arquidiocese de Antananarivo) e do Sul (hoje Diocese de Tôlagnaro), a qual se seguirá, em 1913, a criação do Vicariato Apostólico de Fianarantsoa (hoje arquidiocese) e da Prefeitura Apostólica de Betafó (hoje Diocese de Antsirabé).

Sec. XX-XXI

Em 1925, são realizadas as primeiras ordenações de sacerdotes nativos. Um deles se tornará o primeiro bispo malgaxe, em 1939. Três décadas mais tarde (1969), três anos após o estabelecimento de relações diplomáticas com a Santa Sé (1966), Madagascar tem seu primeiro cardeal: Jérôme Louis Rakotomalala (ao qual, em 1976, se unirá o cardeal Victor Razafimahatratra, S.I., em 1994 o cardeal Armand G. Razafindratandra, e em 2018, o cardeal Désiré Tsarahzana).

Durante os séculos XX e XXI, após a instituição da hierarquia eclesiástica (1955), são eretas outras circunscrições eclesiásticas: a última é a diocese de Maintirano, sufragânea de Antananarivo, criada em 8 de fevereiro de 2017 pelo Papa Francisco, totalizando 5 Arquidioceses metropolitanas e 17 Dioceses sufragâneas.

Em 1989 (28 de abril a 1º de maio), tem lugar a Viagem Apostólica do Papa João Paulo II, a única de um Pontífice a Madagascar, quando é beatificada Victoria Rasoamanarivo (1848-1894), a primeira Beata autóctone de Madagascar.

Em 14 de abril 2018, a Igreja em Madagascar celebrou seu segundo Beato: Lucien Botovasoa, professor do ensino fundamental e Terciário franciscano, morto in odium fidei em 1947 durante as perseguições que acompanharam a luta pela independência da França.

A Igreja em Madagascar hoje

 

Uma Igreja pobre para os pobres

Os cristãos em Madagascar são pouco mais da metade da população, dos quais os católicos são 35%. Cerca de um quinto são protestantes. A presença de cultos tradicionais ainda é forte, enquanto os muçulmanos são cerca de 5%.

A Igreja Católica pode contar com o trabalho de numerosas Congregações religiosas, entre os quais os jesuítas, dominicanos, salesianos, lassalistas, lazaristas, espiritanos, maristas, as Irmãs de Cluny, as carmelitas, as Missionárias Franciscanas de Maria. Em particular, há um trabalho muito intenso no campo da educação, da saúde e caridade e da promoção humana.

 

O país, de fato, é um dos mais pobres do mundo e o padrão de vida de seus habitantes é inferior aos níveis registrados na África Subsaariana. Neste sentido, o compromisso da Igreja local em várias frentes para ajudar a população a viver uma vida digna, longe da violência, da pobreza e da doença.

A prioridade da pastoral juvenil

Particular atenção é dada às crianças e jovens. A condição da infância no país é realmente dramática. Por isso a Igreja investe muita energia na educação e na formação catequética, construindo escolas nos povoados, organizando cursos de formação para os docentes e apoiando as crianças e jovens que desejam estudar.

Em relação à pastoral da juventude, os bispos consideram muito frutuosa a experiência das Jornadas Mundiais da Juventude, motivo pelo qual, além de encorajar a participação de jovens malgaxes nas Jornadas Mundiais, os bispos também decidiram lançar uma JMJ Nacional. A última edição foi realizada em outubro de 2018 em Mahajanga, com o tema “Não temas Maria, porque encontraste graça diante de Deus” Para a ocasião, o Papa Francisco havia enviado uma mensagem em vídeo, incentivando os jovens a serem "mensageiros da paz e de esperança”.

Digno de nota que também em maio de 2017 foi realizado o primeiro “Final de semana para os  jovens” organizado pela E.V.A. (Educação para a Vida e o Amor) da Diocese de Fianarantsoa. Dirigida a jovens entre 18 e 30 anos, a iniciativa serviu para refletir sobre os temas do amor e da sexualidade em uma perspectiva cristã.

Em relação às iniciativas para as crianças, por outro lado, pode-se recordar o primeiro "Dia das Crianças malgaxes", organizado em 2013 em Antananarivo pela Comissão Episcopal para o Apostolado dos leigos, sobre o tema “As crianças que acreditam em Cristo e o comunicam  entre elas, são a sementeira da Igreja”.

A presença da Igreja malgaxe na mídia

Com a liberdade de informação que teve início nos anos 90, a Igreja malgaxe aumentou sua presença também na mídia, principalmente na radiodifusão. Em 1998, havia seis grandes estações de rádio católicas, enquanto hoje quase todas as 22 Dioceses de Madagascar têm sua própria emissora.

Entre estas está a Rádio Dom Bosco de Antananarivo: fundada em 1996 pelos salesianos, transmite 24 horas por dia e é a emissora católica mais ouvida no país. Por trás desse sucesso, além de um nível de preparação profissional considerável, há uma rica e diversificada grade de programação, que vai dos programas de educação religiosa àqueles voltados aos jovens, culturais e musicais, além de notícias sobre atualidade religiosos e política.

Em 2015, também a Rádio Maria Madagascar iniciou suas transmissões na Diocese de Ambositra, contribuindo não apenas à educação na fé católica, mas também à unidade, à reconciliação e à promoção do bem-estar humano. A emissora nasceu graças à generosidade dos ouvintes que apoiaram "Mariathon", a campanha de arrecadação de fundos realizada em 2013 e 2014.

Relações entre Estado e Igreja

As leis malgaxe garanteM a liberdade religiosa. A nova Constituição de 2010 reitera a laicidade e a neutralidade do Estado no que tange às religiões, embora nos últimos anos alguns representantes do governo tenham sido acusados de comprometer a natureza laical do Estado, ao organizarem eventos religiosos para fins políticos.

A única condição prevista por lei é a registro no Ministério do Interior das organizações religiosas que, para serem reconhecidas, devem ter pelo menos cem membros e um conselho eleito, formado por cidadãos de Madagascar.  Atualmente no país existem 283 agremiações religiosos oficialmente registrados (cf. Relatório da AIS sobre liberdade religiosa mundo).

Após as tensões que marcaram os últimos anos do governo Ravalomanana, forçado a renunciar em 2009 após inúmeros protestos, as relações entre a Igreja e os as autoridades malgaxes se estabilizaram e hoje, de forma geral, são boas. Uma confirmação dessas boas relações foi a visita do cardeal Pietro Parolin à ilha em janeiro de 2017, por ocasião dos 50 anos das relações diplomáticas com a Santa Sé, ocasião em que o então presidente Hery Martial Rajaonarimanampianina expressou ao secretário de Estado sua gratidão pelo que a Igreja Católica realiza no país, especialmente com seus centros educacionais, de saúde e de caridade.

O cardeal Parolin, por sua vez, confirmou a disponibilidade da Igreja de continuar tal colaboração para garantir, por meio de suas estruturas, a assistência necessária a todas as pessoas, em particular os mais pobres e marginalizados.

"A importante contribuição da Igreja Católica malgaxe no apoio ao diálogo nacional e o seu indispensável compromisso capilar nos campos da saúde e da educação”, também foi enfatizada por ocasião da duas precedentes audiências do Papa Francisco ao presidente do Governo de Transição, Andry Nirina Rajoelina (26 de abril de 2013) e ao próprio presidente Rajaonarimampianina(28 de junho de 2014).

Relações com outras Igrejas cristãs

O Episcopado malgaxe mantém boas relações com as outras Igrejas cristãs (luteranos, anglicanos, reformados) com quem compartilha, como membro do Conselho das Igrejas Cristãs de Madagascar (Ffkm), o compromisso com a pacificação e reconciliação nacional, mas também os novos desafios apresentados pela proliferação de seitas no país.

Relações com o Islã

Um ponto nevrálgico para a vida da Igreja Católica em Madagascar, por outro lado, são as relações com o Islã. Em uma entrevista concedida à Fundação de direito Pontifício “Ajuda à Igreja que Sofre” em junho de 2018, o cardeal Tsarahzana alertou para "um crescimento tangível do islamismo”, que atrai sobretudo os jovens, também por promessas econômicas vantajosas. Para quem aceita converter-se ao islamismo, de fato, são oferecidos incentivos, como assistência financeira e educação gratuita, incluindo lições do Alcorão e estudos universitários. Paquistão, Turquia e Arábia Saudita parecem ter um papel significativo na divulgação do Islã em Madagascar, que hoje representa cerca de 7% da população.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

06 setembro 2019, 17:20