Dia da Amazônia: a Igreja está do lado dos povos mais vulneráveis
Andressa Collet, CNBB – Cidade do Vaticano
Neste 5 de setembro é comemorado o Dia da Amazônia, uma das maiores riquezas da humanidade que compreende 9 países e é tema do próximo Sínodo dos Bispos marcado para outubro, no Vaticano. No Brasil, a data é principalmente lembrada pela conscientização e defesa do bioma.
Na quarta-feira (4), véspera da data comemorativa, uma delegação formada por representantes de entidades eclesiais e de povos tradicionais da Amazônia estiveram na Câmara dos Deputados em Brasília para entregar aos parlamentares a carta dos bispos daquela região. O ato foi conduzido pelo bispo da prelazia de Marajó (PA), Dom Evaristo Spengler, apoiado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) e pela CNBB.
Dom Evaristo teve a oportunidade de ler um trecho do texto ao ser convidado para discursar na tribuna, durante uma sessão no plenário Ulysses Guimarães que debatia a preservação e a proteção da Amazônia.
O alerta da carta dos bispos
A carta, aprovada pelos bispos em encontro realizado na última semana, em Belém (PA), faz um alerta sobre o “contexto global de disputa” no qual a Amazônia está inserida:
“O Papa já havia denunciado em Puerto Maldonado, na Amazônia peruana, em janeiro de 2018, que a Amazônia é um território em disputa, é um território disputado por visões de mundo diferentes, por diferentes modos de ver a relação com o ambiente. São modos diferentes de tratar com a economia. De um lado vemos os povos tradicionais, indígenas, quilombolas, ribeirinhos que preservam o meio ambiente, até o enriquecem. Do outro lado, vemos o agronegócio, vemos as madeireiras, as mineradoras invadindo, poluindo o meio ambiente.”
A posição da Igreja
Na oportunidade, Dom Evaristo ressaltou o posicionamento da Igreja com a convocação do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia:
O bispo aproveitou para agradecer e reforçar que “a Igreja vai continuar a ser profética, a denunciar o que deve ser denunciado, o que está contra os desígnios de Deus na terra”. O bispo, ao entregar o documento, também solicitou o compromisso dos parlamentares em defesa da causa indígena”.
O ato contou com a participação da CNBB, da REPAM-Brasil, do Conselho Indigenista Missionário, das Pontifícias Obras Missionárias, do Centro Cultural Missionário e da Conferência dos Religiosos do Brasil e da Associação Nacional de Educação Católica (Anec), além de entidades da sociedade civil, como o Núcleo de Estudos Amazônicos da Universidade de Brasília e a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.
O jardim de Deus fica na Amazônia
Depois de deixar o plenário, o indígena Junior Xukuru interpretou um canto tradicional em pleno Salão Verde da Câmara dos Deputados. O texto da música trata da ligação dos povos indígenas com a terra com um refrão que diz: “o jardim de Deus fica na Amazônia”. Na conclusão do ato, todos rezaram a oração do Pai Nosso.
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