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Tragédia em Lesbos. Caritas: 13 mil migrantes em condições desesperadas

Uma mulher e um menino morreram no campo de refugiados de Moria, em Lesbos. O campo acolhe 13 mil pessoas, mas deveria acolher apenas 3 mil.

Alessandro Guarasci – Cidade do Vaticano

Pelo menos duas pessoas morreram, neste domingo (29/09), num incêndio no campo de refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia. Os migrantes que protestavam por causa da superlotação da estrutura atearam fogo em vários pontos. Os migrantes na ilha grega receberam a visita do Papa Francisco em abril de 2016.

Em maio passado, Francisco enviou o esmoleiro pontifício, cardeal Konrad Krajewski, para levar sua proximidade e uma doação de 100 mil euros para os alojados nas estruturas da ilha.

Dificuldades para gerenciar o fluxo de migrantes

Os migrantes, a maioria afegã, combateram com a Polícia e pediam para serem transferidos para terra firme. As condições de vida no campo de Moria são difíceis. Ao lado do cercado oficial, também nasceu um acampamento chamado “L'uliveto”. As autoridades gregas encontram dificuldades para gerenciar o fluxo de migrantes que, nos últimos meses, viu um aumento nas chegadas, não obstante os acordos com a Turquia. “A situação é tensa”, disse o prefeito de Lesbos, Stratis Kytelis. Na ilha, deverá chegar o vice-ministro da Proteção do Cidadão (equivalente ao Ministro do Interior), Lefteris Oikonomou, ex-chefe da Polícia helênica.

Migrantes bloqueados há mais de um ano

“O campo acolhe, neste momento, mais de 13 mil pessoas em situações absolutamente inadequadas, pois é um campo estruturado para acolher no máximo 3 mil, em condições difíceis, pois é formado de tendas, estruturas provisórias. Um contexto em que, infelizmente, as pessoas estão ali bloqueadas na Ilha de Lesbos há meses, alguns há mais de um ano, na espera de uma resposta aos seus pedidos de asilo”, disse o responsável dos projetos da Caritas Italiana na Grécia, Danilo Feliciangeli.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) fala de mais de dois mortos. O senhor tem mais notícias?

No momento, as notícias parecem ser confirmadas também pela Polícia local. Há relatos que falam de mais mortes, de mais um morto. Infelizmente, as questão é crível, porque parece que houve grandes atrasos na chegada dos serviços de resgate, dos bombeiros. Depois, trata-se de um acampamento. Então é muito provável que numa situação de tensão alguém ateie fogo por protesto, mas depois ele se expande e perde-se, obviamente, o controle.

Como é possível que os migrantes continuem chegando a Lesbos, não obstante o acordo entre a União Europeia e a Turquia?

Somente em setembro, chegaram mais de 7 mil pessoas. Nos últimos meses, houve um aumento que sempre esteve presente. Na verdade, o acordo não estipula que as pessoas não chegarão, mas que as pessoas que chegarem - aquelas que não têm direito de solicitar asilo – voltem para onde vieram. E isso obviamente foi um grande impedimento para não mais fazer partir as pessoas da costa turca. Graças ao compromisso econômico que a União Europeia estabeleceu a favor da Turquia, a Turquia aumentou consideravelmente os controles em suas costas, reduzindo as partidas. No entanto, este é um fenômeno que aumenta ou diminui alternadamente. Se fosse possível agilizar as práticas ... As pessoas podem esperar algumas semanas, um mês, dois, antes que sua solicitação seja avaliada, mas não todo esse tempo. Isso evitaria tanto sofrimento seja para quem busca um futuro melhor seja para a população local, que obviamente, depois de tantos anos, sofre as consequências dessa situação.

 

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30 setembro 2019, 16:30