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Dom Antonio Ferreira Gomes Dom Antonio Ferreira Gomes 

Dom António Ferreira Gomes nos 60 anos da Carta a Salazar

A diocese do Porto, em Portugal, promoveu uma sessão evocativa do bispo a quem a ditadura do Estado Novo fechou as fronteiras do país.

Rui Saraiva – Porto

A diocese do Porto viveu na sexta-feira, 18 de outubro, um dia de evocação da memória de D. António Ferreira Gomes nos 60 anos da Carta a Salazar e nos 50 anos do seu regresso do exílio.

Numa organização do Cabido da Sé do Porto e da Fundação SPES, este dia foi de especial homenagem ao bispo do Porto a quem a ditadura do Estado Novo fechou as fronteiras do país, tendo regressado do exílio só em 1969.

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Numa sessão de reflexão e debate, o bispo do Porto deixou clara a importância de D. António Ferreira Gomes para a Igreja e para a sociedade considerando ter sido um “arauto dos tempos novos”. Um bispo que assumiu com “ousadia” e “valentia” a “fidelidade à longa tradição que caracteriza os Bispos do Porto” na “defesa da liberdade da Igreja” e na “preocupação com o bem comum” – disse D. Manuel Linda.

O bispo do Porto, na sua intervenção, assinalou que D. António Ferreira Gomes promoveu a criação de uma “mentalidade social” assente nos valores da verdade, liberdade e justiça, tendo destacado as “homilias da paz” que proferiu “logo após o regresso do exílio” demarcando-se da guerra colonial.

D. Manuel Linda assinalou ainda o facto de que “depois da revolução dos cravos muitos dos pais da nossa democracia” eram “originários do Porto e, quase sempre, das relações pessoais de D. António Ferreira Gomes” que foi figura importante na construção da “liberdade democrática” de que o país hoje pode usufruir – sublinhou o bispo do Porto acentuando que D, António Ferreira Gomes “esteve do lado do povo”.

Das comunicações apresentadas nesta sessão, destaque para a reflexão do historiador Paulo Fontes que falou sobre “D. António Ferreira Gomes e o movimento católico no século XX”. Referiu que o então bispo do Porto foi uma figura “exemplar”, “um homem de consciência” marcado pela “fidelidade ao Evangelho e à Igreja”.

Sobre a atualidade do pensamento de D. António Ferreira Gomes, Paulo Fontes sublinha três aspetos essenciais: a reflexão entre o ser cristão e ser cidadão, a visão crítica de certas formas de apostolado e a relação entre o agir e o pensar.

Sobre o alcance deste dia de homenagem e memória, o presidente da Fundação SPES, José Ferreira Gomes, familiar de D. António, recordou o dia em que o bispo do Porto se despediu da diocese como o último em que viu a sua própria mãe. Salientou o facto de ter ouvido um dos seus familiares dizer a D. António para não sair do país porque não regressaria.

O presidente da Fundação SPES sublinha que este dia de homenagem a D. António Ferreira Gomes teve como objetivo “celebrar” os anos de trabalho do bispo do Porto “depois do seu regresso do exílio”. Anos marcados pela “inovação pastoral” – afirmou.

No dia 18 de outubro, o Porto evocou D. António Ferreira Gomes, testemunha da liberdade e da defesa do bem comum da sociedade. Na Catedral do Porto houve tempo para a expressão artística através do teatro e música num momento com o título “Um bispo para sempre”.

Laudetur Iesus Christus

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24 outubro 2019, 09:56