Demissão do estado clerical de ex-Provincial jesuíta no Chile
Cidade do Vaticano
A Companhia de Jesus informa que recebeu da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) o decreto de demissão do estado clerical e dos votos religiosos, relativos ao pedido apresentado por Eugenio Valenzuela Lang, em meados do corrente.
Juntamente com o referido decreto, o Superior Geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa SJ, por meio de uma carta enviada ao padre Gabriel Roblero SJ, Provincial do Chile e considerando o conjunto de antecedentes reunidos ao longo desses anos, reconhece a existência de situações abusivas contra adultos por parte de Eugenio Valenzuela.
Essas situações referem-se principalmente a abusos de consciência e de poder, desenvolvendo dependências excessivas que restringiram a liberdade das pessoas acompanhadas ou dos jesuítas em formação por quem era encarregado, assim como transgressões no plano sexual.
Nas investigações realizadas em 2013 pelo jesuíta argentino Alfonso Gómez e 2014 pelo sacerdote da Congregação da Santa Cruz Fermín Donoso, embora não se tenha acomprovado a existência de crimes canônicos, foram impostas sanções a Eugenio Valenzuela, relacionadas com os ministérios de acompanhamento espiritual e de retiros, além da suspensão perpétua de responsabilidades na formação dos jesuítas.
Em 2018 foram recebidas novas denúncias, investigadas pelo advogado Sr. Waldo Bown e declaradas verdadeiras. Em um caso, trataram-se de transgressões abusivas relacionadas ao contexto de acompanhamento espiritual e, no outro, em um possível crime canônico de solicitação (transgressões sexuais no contexto de confissão).
Depois de receber os resultados dessas investigações e o parecer de seus conselheiros, o Padre Geral solicitou à Congregação da Doutrina da Fé a abertura de um processo criminal canônico (administrativo ou judicial) contra Eugenio Valenzuela.
A dispensa de Eugenio Valenzuela recém-concedida pelo Santo Padre implica a cessação dessa causa canônica pelo possível crime canônico de solicitação.
No comunicado, a Companhia de Jesus diz reconhecer “que os testemunhos das vítimas e de outras pessoas nos permitiram abrir os olhos para essas situações abusivas. Entramos em contato com denunciantes e vítimas para iniciar caminhos de reparação que ajudem no processo de cura que este caso exige.”
Por fim, conforme solicitado pelo Padre Geral, a Companhia de Jesus no Chile, por meio do Centro de Prevenção de Abusos Sexuais e Reparação, estudará os caminhos que permitam, “ao conjunto da Província e a nossos colaboradores, levar em frente um esforço de memória e aprendizado, a partir da crise da Igreja e da difícil situação que tivemos que enfrentar na última década. Estamos comprometidos em criar e manter ambientes seguros em nossos locais de trabalho e em nossos espaços de formação e evangelização”, diz a nota da Companhia de Jesus.
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