“Não acho que estejamos perto de um cisma”, diz teóloga brasileira
Rui Saraiva – Porto
Foi no âmbito de um Simpósio sobre Teologia no Espaço Público na Universidade Católica Portuguesa no Porto, em Portugal, que Maria Clara Bingemer, em entrevista, analisou o Sínodo para a Amazónia.
Atenção ao diagnóstico do Sínodo
O encontro dos bispos que teve lugar no Vaticano em outubro passado foi, para a teóloga brasileira, um momento simbólico pleno de gestos que abrem caminhos de futuro para a defesa da Amazónia. E assinala que o Papa pediu muita atenção para os diagnósticos produzidos no Sínodo.
Abrir espaço para a mulher na Igreja
Quanto à reabertura da comissão para analisar o assunto do diaconado feminino, revelada pelo Papa no final do Sínodo, Maria Clara Bingemer espera que esta venha a funcionar melhor do que a anterior comissão.
Bingemer citou a teóloga norte-americana Phyllis Zagano, professora de Religião, na Universidade de Hofstra em Nova Iorque e que esteve neste ano de 2019 em Lisboa na Faculdade de Teologia da Universidade Católica para um debate, precisamente, sobre o diaconado feminino. Bingemer lembrou que o diaconado feminino “na Igreja primitiva era importantíssimo” e que se for recuperado agora será “um ganho enorme para a Igreja”.
Francisco, gestos e diálogo
Maria Clara Bingemer é professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro sendo doutorada em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Pedimos-lhe uma análise do pontificado de Francisco. Começou por dizer que não há razões para acharmos que o Santo Padre está sozinho e pouco apoiado. Desvaloriza a hipótese de um cisma na Igreja e recorda a formação jesuíta do Papa Francisco, na força dos exercícios espirituais.
Bingemer considera que o Papa é magistral a dialogar com a sociedade sendo, na sua opinião, “mais amado fora da Igreja do que dentro”.
“Ele é mais amado fora da Igreja do que dentro. Dialogar com os outros setores, ele faz isso magistralmente: com as outras religiões, com os outros setores, a questão das migrações… E ele tem uma pedagogia interessante: ele faz gestos e depois respalda o gesto com discurso, tem documentos excelentes. A Laudato Si marca a época.”
Maria Clara Bingemer de passagem pelo Porto, em Portugal, assinalou que o Sínodo que decorreu em outubro no Vaticano foi pleno de gestos importantes em defesa da Amazónia. Destaca os diagnósticos produzidos e ainda a importância que terá no futuro a reabertura da comissão para o diaconado feminino.
Laudetur Iesus Christus
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