A missão nas sociedades "pós-humanas": a Ásia tem sede de Cristo
Cidade do Vaticano
“Na Ásia as grandes transformações sociais, antropológicas, culturais, tecnológicas geram, em alguns casos, sociedades pós-humanas. Junto a esse fenômeno, encontra-se o de pessoas que vivem em condições subumanas. Fenômenos como o nacionalismo religioso ou a intolerância religiosa, mencionados vinte anos atrás no documento pós-sinodal ‘Ecclesia in Asia’ (Igreja na Ásia), continuam crescendo. Nesse quadro a Igreja católica anuncia o Evangelho ao homem de hoje e exerce sua missão profética.”
Foi o que disse o vice-reitor da Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma, o carmelita indiano Pe. Frei Benedict Kanakappally OCD, à margem do Congresso “Transforming Asia”, realizado dias atrás na capital italiana, organizado conjuntamente com a Pontifícia Faculdade Teológica São Boaventura-Seraphicum, a Pontifícia Universidade Urbaniana e a Pontifícia União Missionária.
Transformar a missão da Igreja na Ásia
“Interrogamo-nos sobre como, e se é possível, contribuir para transformar, e como renovar a obra missionária no contexto do continente asiático, tão vasto e plural. A Ásia tem sede de Cristo, dizia a Ecclesia in Asia. À distância de vinte anos daquele documento, as comunidades cristãs na Ásia podem refletir e avaliar a obra de evangelização e sobre como é necessário também transformar a missão da Igreja”, explicou.
Recomeçar da Palavra de Deus vivida, celebrada e anunciada
Por sua vez, o reitor da Pontifícia Faculdade Teológica São Boaventura e diretor do Instituto Franciscano de estudos teológicos asiáticos, Pe. Frei Dinh Anh Nhue Nguyen OFMConv, reiterou à agência missionária Fides:
“O continente asiático é uma realidade diversificada e complexa, em todos os seus aspectos e suas dinâmicas, nos vários contextos regionais e nacionais. A Igreja com o Sínodo e com a Ecclesia in Asia realizou uma obra de reflexão sobre a presença da fé naquele continente. Hoje nos perguntamos se a Ecclesia in Asia é relevante e quais são os novos desafios que hoje se apresentam à missão da Igreja na Ásia. Cremos que se deva recomeçar da Bíblia, da centralidade da Palavra de Deus, vivida, celebrada e anunciada.”
Anúncio do Evangelho na Ásia passa também pelo diálogo
"Essas atividades não são prerrogativas somente da Igreja, mas os cristãos as levam adiante por amor a Jesus Cristo, e isso faz a diferença. É importante dizê-lo sempre com clareza, dando razão da esperança que temos em nós, sem medo de ofender as culturas ou as outras religiões, redescobrindo a razão profunda do nosso ser e da nossa atuação”, prosseguiu.
“O anúncio do Evangelho na Ásia passa também pelo diálogo, e é uma missão muito delicada. Não se deve ter medo do diálogo, mas evitar os dois extremos: o primeiro é esquivar-se do diálogo para não comprometer-se; o segundo é fazer uma espécie de autocensura da própria identidade cristã, para dialogar. Os cristãos são bastante reconhecíveis nas sociedades na Ásia: hoje sentimos a necessidade de uma renovação e de uma reconsideração da missão, diante dos novos desafios”, concluiu Pe. Frei Nguyen.
(Fides)
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui