Nova versão CEI do Pai Nosso a partir de 29 de novembro
Federico Piana - Cidade do Vaticano
Dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto e presidente da Conferência de Abruzzo-Molise, conhecido teólogo, antecipou que "o Missal com a nova versão do Pai Nosso desejada pela Conferência Episcopal Italiana (CEI) será lançado alguns dias após a Páscoa". Na oração, a invocação a Deus 'não nos induza à tentação' (‘non indurci in tentazione’) foi alterada com uma tradução considerada mais apropriada: 'não nos abandone à tentação' (‘non abbandonarci alla tentazione’). "O uso litúrgico será introduzido a partir das Missas em 29 de novembro deste ano, o primeiro domingo do Advento", afirmou o prelado.
Dom Bruno Forte, por que os bispos italianos decidiram modificar uma das orações cristãs mais antigas e conhecidas?
R. – Por uma fidelidade às intenções expressas pela oração de Jesus e ao original em grego. Na realidade, o original grego usa um verbo que literalmente significa 'levar-nos, conduzir-nos'. A tradução latina 'induzir' poderia se referir à homóloga grega. Porém, em italiano "induzir" significa dizer "pressionar para ...", em essência, para fazer isso acontecer. E é estranho que se diga a Deus 'não nos induza a cair em tentação'. Em suma, a tradução com 'não nos induza ...' não era fiel.
Assim, os bispos italianos pensaram em encontrar uma tradução melhor ...
R. - Uma pergunta que episcopados de todo o mundo também se fizeram. Por exemplo, em espanhol, a língua mais falada pelos católicos no planeta, é dito 'faz com que não caiamos em tentação'. Em francês, depois de muitas dificuldades, passou-se de uma tradução que era 'não nos submeta à tentação' para a fórmula atual que é 'não nos deixe entrar em tentação'. Portanto, a ideia a ser expressa é a seguinte: nosso Deus, que é um Deus bom e grande no amor, faz de modo que não caiamos em tentação. Minha proposta pessoal era que ela fosse traduzida como 'faz com que não caiamos em tentação', porém, dado que na Bíblia CEI a tradução escolhida foi 'não nos abandone à tentação' no final os bispos, para respeitar a correspondência entre o texto bíblico oficial e a liturgia, preferiram esta última versão.
Muitos teólogos e pastores apontaram que a antiga expressão 'não nos induza à tentação' se referisse às provações que Deus permite em nossas vidas ...
R. - Uma coisa é a provação no geral, mas o termo que se encontra na oração do Pai Nosso é o mesmo que é usado no Evangelho de Lucas em referência às tentações de Jesus, que são verdadeiras tentações. Portanto, não se trata simplesmente de uma provação qualquer da vida, mas de verdadeiras tentações. Algo ou alguém que nos induz a fazer o mal ou quer nos separar da comunhão com Deus. Eis porque a expressão 'tentação' é correta e o verbo que a ela corresponde deve ser um verbo que faça compreender que o nosso é um Deus que nos socorre, que nos ajuda a não cair em tentação. Não é um Deus que de uma forma ou outra nos prepara uma armadilha. Esta é uma ideia absolutamente inaceitável.
Essa mudança poderá causar algum tipo de problema para os fiéis acostumados com a versão antiga?
R. - Basicamente, a modificação é muito limitada. Não acredito que possa haver grandes problemas. Devemos ajudar as pessoas a entender que não se trata de querer uma mudança por si só, mas de mudar para rezar de forma ainda mais consciente e mais próxima daquelas que foram as intenções de Jesus.
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