Lourdes: 24º Dia de São Francisco de Sales sobre "Mídia e proximidade"

Hélène Destombes - Cidade do Vaticano

Cerca de 250 jornalistas da mídia católica, editores e responsáveis pela comunicação dentro da Igreja, representando 25 nacionalidades, reúnem-se em Lourdes durante três dias. No centro dos trabalhos deste ano - que teve início na quarta-feira e se encerra nesta sexta -, está a questão da proximidade com o público, num momento em que existe uma desconfiança crescente em relação aos meios de comunicação social em muitos países. Na França, esta crise de confiança tem sido evidenciada pelo movimento dos "coletes amarelos", que tem funcionado como um sinal revelador, se não amplificado, da profunda divisão atual. A cobertura jornalística dos "coletes amarelos" reduziu o nível de confiança na mídia na França para 24%, a pior da Europa, segundo o Instituto Reuters, enquanto o barômetro anual de La Croix revela a confiança na mídia em seu nível mais baixo desde 1987.

A mídia restaura a confiança estando mais próxima das pessoas

No momento em que as redes sociais são consagradas, "os jornalistas são acusados de exercer sua profissão afastados da realidade econômica e social", destacam os organizadores das Jornadas de São Francisco de Sales. Esta crise "alimenta as acusações anti-mídia de projetos populistas que estão constantemente ganhando terreno em todos os continentes". Estas Jornadas Internacionais farão, portanto, um balanço da situação e refletirão sobre o papel dos meios de comunicação católicos face a estes acontecimentos, quando "a questão da proximidade do público se tornou central". Eles pedem que "seja dada prioridade à crônica em detrimento a outros gêneros de jornalismo" e "anunciar cortes profundos no exercício das nossas profissões".

Participantes do encontro

Os intercâmbios serão alimentados pelas competências de diversos palestrantes em diferentes áreas: sociólogos da mídia, professores de ciências da comunicação ou especialistas em robótica e tecnologia digital. Entre os convidados há também um psicanalista que falará sobre o tema "Redes sociais e a ilusão de proximidade". Os trabalhos foram abertos por dom Olivier Ribadeau-Dumas, reitor do Santuário de Lourdes, Jean-Marie Montel, presidente da Federação Católica dos Meios de Comunicação Social e Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé. Entre os temas em discussão nos debates e oficinas: a distância jornalística - as redes sociais e a ilusão de proximidade - a mídia, a endogamia e a conivência - os pontos fortes e fracos da informação local.

Prémio Jacques Hamel a Pierre Jovanovic por parte do Cardeal Ouédraogo

A abertura dos trabalhos, na tarde de quarta-feira, foi presidida pelo Cardeal Philippe Ouédraogo, arcebispo de Ouagadougou. O novo presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar preside também a missa de encerramento desta 24ª edição, sexta-feira, 24 de janeiro, na festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Nesta quinta-feira 23 de janeiro, o cardeal Ouédraogo entregou o prêmio "Padre Jacques Hamel" no final do dia na presença da sra. Roseline Hamel, irmã do Padre Jacques Hamel. Este prêmio, criado há três anos, honra a memória do Padre Hamel, assassinado em 26 de julho de 2016 por terroristas islâmicos enquanto celebrava a missa em sua igreja em Saint-Étienne-du-Rouvray. O prêmio "Padre Jacques Hamel 2020" foi atribuído a Pierre Jovanovic pelo seu artigo "Kayla Jean Mueller, mártir dos bons", publicado no semanário La Vie de 7 de novembro de 2019. Sequestrada no Iraque em 2015, Kayla era uma jovem de 26 anos, membro de uma igreja evangélica, que sempre se recusou a renunciar a sua fé cristã. Por esta razão, ela foi assassinada por jihadistas.

Envolvimento Internacional

Esta 24ª edição assumiu mais uma vez um carácter internacional que se reflete na composição da Delegação do Dicastério para a Comunicação. Alemanha, Burkina Faso, França, Itália e Eslovênia estão representados pelos sete membros do Dicastério que este ano estarão em Lourdes. O Prefeito do Dicastério, Paolo Ruffini, falou na abertura dos trabalhos e o diretor editorial, Andrea Tornielli, falará sobre o tema "Os perigos do imediatismo".