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Estátua do Nazareno Negro Estátua do Nazareno Negro 

Em Manila a procissão do Nazareno Negro com milhões de fiéis

Como todos os anos, uma multidão foi às ruas em Manila, para celebrar o Nazareno Negro. Trata-se de uma das maiores procissões religiosas do mundo

Cidade do Vaticano

Uma multidão acompanhou a procissão pelas ruas de Manila desde o amanhecer, da estátua do Nazareno Negro. Jovens, idosos, famílias foram às ruas cantando, rezando e tentando de todos os modos tocar na conhecida imagem, que sobreviveu milagrosamente depois de um incêndio no navio que a transportava do México no século XVII. Foram tomadas importantes medidas de segurança, mas segundo as últimas informações não foi verificado nenhum acidente.

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Os filipinos se identificam

Uma tradição que se renova todos os anos e sempre impressiona pela sua grandiosidade, afirmou o padre Sebastiano D’Ambra, missionário do Pontifício Instituto Missões Exterior (PIME), que há 40 anos cuida do seu rebanho na Ilha de Mindanao, onde fundou em 1984 o Silsilah, movimento para o diálogo islã-cristão. Muitas vezes – disse padre D’Ambra – esta procissão conta com a participação de muçulmanos e fiéis de outras crenças – com total respeito e harmonia. Porém, são os filipinos que mais se identificam na imagem do Nazareno sofredor pela suas vidas marcadas pela pobreza e sofrimento diário. A Trasladação, subdividida em etapas em um percurso de mais de 6 km, é também ocasião para se aproximar dos sacramentos, como a confissão, e para receber a bênção.

Padre Sebastiano D’Ambra: “Todos os dias há multidões de pessoas que visitam a imagem, celebramos Missa a todas as horas, especialmente na primeira sexta-feira do mês. Esta tradição começou séculos atrás com os espanhóis, e segue adiante até nossos dias. Ouvi falar que talvez seja a maior tradição do mundo, mesmo considerando outros países da América Latina, onde há várias devoções, mesmo no México. Porém, a quantidade de gente que participa é impressionante, chega-se a 15 milhões de pessoas! É comovedor e ao mesmo tempo nos faz refletir realmente, apesar dessa sociedade moderna e todas as coisas que podem dizer, no coração das pessoas ainda permanece esta semente e até agora não tivemos nenhum acidente. Claro somente as coisas normais desse tipo de ocasião, como gente que passa mal, feridas nos pés, porque muitos a fazem descalços…

O senhor disse que muita gente participa para cumprir promessa, assim como muitos acreditam com fervor que a estátua tem um poder milagroso, poder de conceder graças…

Padre Sebastiano: É verdade, quando vou visitá-la fico impressionado. Nas Filipinas faz muito calor e tem muito sol, mas especialmente nas sextas-feiras há longas filas, debaixo do sol, esperando para ver o Nazareno, tocá-lo, beijá-lo, fazer uma oração. Por isso, quando eu peço “por que?”, muitos me respondem que fizeram este voto, esta promessa, que receberam graças, e portanto… Todas essas coisas são verdadeiras: as pessoas falam de graças obtidas, de votos, de milagres.

Tradição que remonta a 1606

Esta efígie do Cristo negro ajoelhado e carregando a cruz foi levada pelos missionários Agostinianos Recoletos que foram do México a Manila em 1606. Antes de ser colocada na Igreja de Quiapo, esteve em outros templos católicos. Primeiro na igreja de Bagumbayan, hoje Luneta, nas proximidades de Manila; em 1608 foi transferida para a paróquia de São Nicolau Tolentino, onde ficou até 1700. O então arcebispo da capital, Dom Basilio Sancho Santas Justa, ordenou a transferência definitiva à igreja de Quiapo.

A devoção foi reconhecida pela Santa Sé em 1650, durante o pontificado de Inocêncio X que instituiu canonicamente a Confraria de Jesus Nazareno. Também Pio VII, no século 19, honrou o Nazareno Negro concedendo a indulgência plenária “aos pios devotos”.

O cardeal Tagle: rezar pela paz

Celebrando a Missa pela Trasladação, na igreja de São João Batista, o cardeal Luis Antônio Tagle, arcebispo de Manila, nomeado há pouco tempo pelo Papa a Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, exortou os fiéis filipinos a rezarem pela paz e a segurança dos povos do Oriente Médio. “Estamos preocupados pelos acontecimentos em algumas partes mundo. Há o perigo de que a violência degenere em um conflito aberto” disse o cardeal: “Rezemos pela segurança dos nossos vizinhos no Oriente Médio, para que desapareçam os desejos de destruição e de vingança”. Em seguida o cardeal recordou dos muitos filipinos que vivem no Oriente Médio para trabalhar.

 

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09 janeiro 2020, 16:05