Níger: "poderão cortar as árvores, mas não as raízes da Cruz", diz sacerdote
Cidade do Vaticano
“As reiteradas ameaças contra as comunidades cristãs presentes na área fronteiriça com Burkina Faso alcançaram o propósito a que se propunham: esfacelar as comunidades e fazê-las temer professar a própria fé na oração do domingo nas capelas”, denuncia à Agência Fides o sacerdote da Sociedade para as Missões Africanas no Níger, padre Mauro Armanino.
"Na terça-feira, 14 de janeiro - relata o sacerdote - em um vilarejo não distante de Bomoanga - que há mais de um ano testemunhou impotente o sequestro do padre Pierluigi Maccalli - um grupo de criminosos chegou para um acerto de contas com o enfermeiro responsável pelo dispensário na área, retirando de sua pequena casa seu sobrinho, batizado desde pequeno, e o decapitaram. Em Bomoanga, as pessoas não vão mais à igreja aos domingos. A ‘basílica’, como padre Maccalli costumava chamá-la, concebida, construída e por ele inaugurada, está agora deserta, assim como a escola que foi recentemente atacada”.
Na nota enviada à Agência Fides, padre Armanino ressalta o desconcerto, o sofrimento, o temor, mas sobretudo a consciência da situação, manifestados durante o encontro de formação com os catequistas e os animadores da região de Gourmanche, fronteiriça com Burkina Faso, organizado recentemente em Niamey.
"Mesmo onde existem perseguições, provações e tensões, é possível traduzir a fé - sublinha o sacerdote - com uma maior valorização dos leigos e de sua contribuição, uma maior flexibilidade no que diz respeito aos lugares e tempo das celebrações e da vida comunitária”.
O missionário conclui dizendo que, “em Makalondi, Kankani e Torodi, nesta mesma região, as celebrações, com muita prudência, continuam sendo realizadas como sempre, apesar dos sacerdotes não serem residentes no local. Mais complicada, no entanto, é a realidade nas áreas rurais que, sendo de difícil acesso, permitem aos grupos armados agir sem serem perturbados. Poderão cortar as árvores, mas não as raízes da Cruz. No terceiro dia, há uma Ressurreição".
Papa Francisco
No discurso ao Corpo Diplomático em 9 de janeiro, ao falar sobre o continente africano, o Papa Francisco afirmou:
“Estendendo o olhar para outras partes do continente, dói constatar como continuam – particularmente no Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria – episódios de violência contra pessoas inocentes, entre as quais muitos cristãos perseguidos e mortos pela sua fidelidade ao Evangelho. Exorto a Comunidade Internacional a apoiar os esforços que estes países estão a fazer na luta para derrotar o flagelo do terrorismo, que está a cobrir de sangue partes cada vez mais extensas da África, bem como outras regiões do mundo. À luz destes acontecimentos, é necessário que se implementem estratégias que incluam intervenções não só no campo da segurança, mas também na redução da pobreza, na melhoria do sistema de saúde, no desenvolvimento e na assistência humanitária, na promoção da boa governança e dos direitos civis. Tais são os pilares dum real desenvolvimento social.”
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