Pastoral do Empreendedor: um olhar para a pessoa do empresário
Maria Eduarda Góis - Cidade do Vaticano
A Pastoral do Empreendedor (PE) nasceu de uma inquietação do coração do Frei Rogério Soares de Almeida, religioso da Ordem de Nossa Senhora das Mercês e, na época pároco em Salvador-BA. Ele revela que via os empreendedores como ovelhas sem pastor e questionava-se sobre o cuidado, a evangelização e o lugar do empresário na Igreja.
“Apresentei essas inquietações ao Pe. Joãozinho SCJ, que logo mostrou seu interesse e apoio. Em 2011 também, a CNBB lançou o documento 94, ‘Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015‘. Nesse documento, os senhores bispos pedem expressamente no número 117: ‘O terceiro areópago liga-se à presença pastoral junto aos empresários [...]‘. Diante desse cenário, decidi iniciar um trabalho pastoral com e para os empreendedores na paróquia”, conta Frei Rogério.
A pastoral começou com um grupo de quatro empreendedores, que foram sendo formados e orientados. Posteriormente, um evento foi realizado por este grupo, o I Encontro de Católicos Empreendedores de Salvador, em 2011.
Aos poucos o grupo foi sendo formado por homens e mulheres, ávidos por conhecerem o que a Igreja tinha a dizer para eles. Em 2012, retiros foram realizados, para que estudassem a Doutrina Social da Igreja, além da Santa Missa.
“Em Assembleia, decidimos chamar essa experiência de Pastoral do Empreendedor. Fiz questão que empreendedor viesse no singular, para ficar claro que cuidamos da pessoa do empreendedor, do ser humano, de suas dores e preocupações. Passei a entender que devíamos dar, ao empreendedor, a riqueza da Igreja e da Palavra de Deus e não só pedir e exigir dele, como se fazia antes. Passaríamos a cuidar pastoralmente do empreendedor”, ressaltou o fundador do movimento.
Após esse primeiro momento do projeto, a iniciativa foi apresentada a dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador, que aceitou e apoiou a proposta. Orientou também que se fosse do Espírito Santo se difundiria naturalmente e que não fossem criadas muitas estruturas, para ser uma pastoral de fácil implantação.
Hoje, a Pastoral do Empreendedor está em mais de 50 paróquias e em 8 dioceses. Cidades como Salvador, São José do Rio Preto, Curitiba, São Paulo, Sorocaba, Cuiabá, Maringá, Presidente Prudente, Bacabal e Goiânia já vivem essa experiência.
Missão e atividades
A Pastoral do Empreendedor é uma ação da Igreja, de acolhida e evangelização, para todos os empreendedores, pequenos e grandes. Sua principal missão é cuidar daqueles que cuidam de muita gente. São os empresários e empreendedores que cuidam dos empregados do país, dos clientes e fornecedores, recolhem nossos impostos e quando chegam em casa devem cuidar de suas famílias. E quem cuida deles? Havia essa lacuna na Igreja.
Os empreendedores eram como ovelhas sem pastor. Às vezes até mal vistos por serem pessoas que lidam com o dinheiro.
Frei Rogério explica que “muitos empreendedores se acham indignos de participar das celebrações litúrgicas porque são homens e mulheres de negócios. Isso deu-se por uma má interpretação da Palavra e das recomendações da Igreja da Idade Média. Há também a ideia de que se alguém cresce financeiramente é porque explora os mais pobres, uma visão deturpada do marxismo. Hoje vemos que tudo isso é injusto, pois é graças aos empreendedores que a economia se movimenta, cresce e gera empregos”.
Entre outras atividades, a Pastoral do Empreendedor oferece retiros espirituais, Santa Missa com empreendedores, bênçãos nas empresas, reuniões semanais de partilha, grupos de oração no ambiente de trabalho, encontros anuais para empreendedores católicos, interpretação da Palavra de Deus para o mundo dos negócios e acompanhamento espiritual.
Além disso, alimentar a fé é fundamental para quem precisa correr ricos todos os dias e ousar nos seus empreendimentos. Por isso, o projeto cria espaços que favorecem uma maior vivência da espiritualidade do empreendedor, dando-lhe condições de se fortalecer no amor de Deus e na vivência do Evangelho.
“Quando o empreendedor é evangelizado e sente-se filho amado de Deus, torna-se um missionário e buscará evangelizar todos aqueles que ele cuida. “
Como implantar a Pastoral?
Como toda pastoral, a Pastoral do Empreendedor deve se realizar no âmbito diocesano ou paroquial. Dessa forma, o primeiro passo para a sua implantação é reunir um grupo de empreendedores interessados em evangelizar outros empreendedores e buscar o pároco ou o bispo local.
Com a autorização do pároco ou do bispo, é possível conhecer as diretrizes da PE por meio do site www.pastoraldoempreendedor.org.br e depois fazer o cadastro do grupo, pelo mesmo site. E assim, um membro da coordenação nacional entrará em contato para maiores esclarecimentos e acompanhamento.
Após a formação do grupo e com o apoio do pároco, nasce um núcleo da Pastoral do Empreendedor, que tem a missão de pastorear os empreendedores da comunidade. Muitas vezes pensamos nos empreendedores apenas na hora de colaborar financeiramente com a paróquia, mas a PE tem outra intenção: evangelizar.
Dessa forma, o núcleo tem como meta realizar atividades e eventos focados nos empreendedores, como por exemplo, os encontros abertos semanais ou quinzenais, onde os empreendedores têm um lugar para a escuta da Palavra e para a troca de experiências.
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