Patton: de Jerusalém uma oração conjunta pelo fim da pandemia
Giada Aquilino – Cidade do Vaticano
Unidos na oração, para invocar o fim da pandemia do Coronavírus. Nesta quinta-feira (26) em Jerusalém os representantes de todas as religiões encontraram-se na prefeitura da Cidade Santa, em frente ao New Gate, a poucos passos do Patriarcado Latino e da Custódia da Terra Santa para um momento de oração. Cada um rezando segundo sua própria tradição.
O padre Francesco Patton explica a importância da oração unida em Jerusalém com os representantes das religiões abraâmicas, cristãos, judeus e muçulmanos, também expoentes de outras fés.
Padre Patton: Como chefes das três comunidades do Santo Sepulcro manifestamos a vontade dessa iniciativa: que todos os filhos de Abraão pudessem todos juntos, elevar uma oração ao Todo Poderoso para cessar a pandemia. Durante o encontro na prefeitura, cada um com sua própria tradição fez a oração a Deus, somos todos filhos de Abraão, portanto de algum modo temos todos esta raiz comum que nos faz invocar o mesmo “Altíssimo Todo Poderoso, Bom Senhor”, para usar as palavras de São Francisco. Escolhemos o Pai Nosso, a oração cristã por excelência, que se conclui com a invocação “livrai-nos do mal” que no texto bíblico é uma invocação muito ampla porque pede para livrar-nos do mal, mas pede também para livrar-nos de toda forma de mal que possa nos afligir, em termos pessoais e de toda a humanidade.
Como estão se preparando para a Páscoa e como será a Páscoa na Terra Santa?
Patton: Nos preparamos para a Páscoa segundo as indicações da própria Palavra de Deus que nos dava no início da Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas, quando aparecia a dimensão pessoal. O Evangelho da Quarta-feira de Cinzas é o que Jesus convida a rezar em segredo, a jejuar em segredo, a dar esmolas em segredo. Portanto faz parte, ousaria dizer, de uma Quaresma ordinária acentuar o aspecto pessoal. Também, é claro nos preparamos com muito pesar porque não será possível fazer tudo como nos anos passados, com a participação dos fiéis e os inúmeros peregrinos. Mas temos que recordar o que Jesus nos diz: onde há dois ou três reunidos em Seu nome, Ele estará presente. Nas circunstâncias de hoje, sentimos isso de modo mais forte. Sabemos bem que a oração tem um valor universal, não podemos nos esquecer que a eficácia da oração não está ligada à dimensão de massa, a quantidade de pessoas, mas está ligada à comunhão particular que o Espírito Santo estabelece entre os crentes transformando-os em corpo de Cristo. Portanto eu sei que quando celebro, mesmo se estou fisicamente sozinho, toda a comunidade cristã está presente e eu estou em comunhão com todos os que estão em comunhão com Nosso Senhor Jesus Cristo através do dom do Espírito e com Ele em comunhão com o Pai. Portanto devemos também recuperar a dimensão de que ser cristão não é um fato puramente sociológico, sobre o qual talvez tenhamos nos reduzido. Os tempos de hoje nos fazem recordar que a Igreja é um mistério e corpo místico e não somente povo.
O que significa Coronavírus para a Terra Santa e qual é a sua mensagem para o mundo?
Patton: O Coronavírus pertence à categoria das pandemias, portanto trata-se de situações que ciclicamente se verificam no decorrer da história humana. No passado conhecemos pestilências, as epidemias de cólera, portanto não é uma novidade. A novidade é que em um contexto como o nosso, no qual pensávamos que poderíamos dominar tudo com a ciência, a técnica e a nossa capacidade, encontramo-nos como Adão, ou seja, nus, indefesos. Neste contexto recuperamos o que é o sentido do limite: isto não quer dizer automaticamente recuperar somente o sentido de Deus, da nossa ligação com Ele e da nossa dependência d’Ele, porém essas situações deveriam nos ajudar a entender que há muito mais além daquilo que pensamos que podemos dominar. É uma realidade que deveria se abrir a novas reflexões, sobre o nosso ser homens, fazer parte da Criação e também ser crente que se entrega a Deus que é Pai e que continua a cuidar de nós dando a plenitude da vida que celebramos na Páscoa e que como cristãos chamamos participação à Ressurreição de Cristo.
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