Campanha #todosportodos cria solidariedade e esperança
Rio de Janeiro – Padre Arnaldo Rodrigues
Quando a necessidade e o sofrimento batem à porta da humanidade, vemos o quanto o ser humano é capaz de demonstrar a sua natureza. Um grupo de moradores de um condomínio da cidade de São Paulo organizou e colocou-se à disposição para ir ao supermercado, à farmácia e à padaria, dos idosos e outras pessoas que pertencem ao grupo de risco. Esta iniciativa tem como principal objetivo ajudar a manter segura, neste período do coronavírus, a vida destas pessoas.
A hashtag #todosportodos foi usada na postagem destes moradores, para lembrar que seremos melhores se agirmos com solidariedade, redescobrindo o essencial da nossa humanidade, de sermos “membros uns dos outros” (Ef 4,25).
Vinicius Holanda, um dos moradores deste condomínio, contou ao Vatican News como surgiu este “ato de absoluta humanidade”, como ele mesmo definiu.
Quem são as pessoas que participam deste gesto de solidariedade?
Esta ação aconteceu no meu condomínio, em conjunto com várias pessoas, nossos moradores, que se concretizou num ato de absoluta humanidade, neste momento tão caótico. Somos simples seres humanos, mas que em um momento em que o mundo inteiro está vivendo de ansiedade, de desespero e de medo, resolvemos ajudar um pouco as outras pessoas, estendendo a mão.
O que motivou a esta ação?
Eu estava vendo nas redes sociais, algumas notícias e as postagens, e vi que fizeram este tipo de coisa, colocando nos prédios algo para auxiliar as pessoas que tem risco, os idosos, em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil. Na hora pensei: que legal se tivesse no nosso condomínio. Fui com essa ideia na cabeça para casa, mas quando cheguei em casa e entrei no elevador, vi que os moradores já tinham feito isso no nosso prédio. Foi muito emocionante e me tocou bastante esta ação.
O que aconteceu depois?
Resolvi partilhar com meus amigos e mostrar nas redes sociais o que estamos fazendo, e isso tomou uma proporção enorme. Foi uma ação de todo o coração dos moradores. Eles não imaginavam que se tornaria algo público e que tomasse essa proporção. Fizemos porque o nosso prédio é um lugar que tem muitos estudantes, famílias e idosos. Nós temos um público que pode estender a mão e ajudar os outros.
Qual a sensação que você tem diante desta ação?
Existem duas coisas muito importante que acontecem nesta ação:
A primeira é que estamos vivendo um momento muito caótico, um momento de desespero, um momento em que as coisas que acontecem chocam e assustam. E esse momento é muito importante para as pessoas olharem para os lados e verem que há outros seres humanos e partilharem de valores como caridade, amor e principalmente esperança. Temos que olhar para nossos irmãos, àqueles que não têm condições de fazerem as compras, dos que estão com medo, aqueles que estão em risco. Afinal somos todos seres humanos e precisamos nos ajudar;
A segunda é que estamos vivendo um momento em que as pessoas estão sendo bombardeadas de notícias muito duras. Todo mundo está com medo, com apreensão, estão com ansiedade. E a gente começa a não ver uma luz no fim do túnel, com acontecimentos que vão entristecendo nos fazendo perder as esperanças. Quando vi a nossa mensagem sendo viralizada, em vários lugares, eu pensei muito sobre isso. As pessoas estão precisando ver que o mundo tem gente boa, o mundo é cheio de coisas boas e elas precisam voltar a ter fé e esperança na humanidade.
Eu acredito que o bem é muito maior que o mau, mas as vezes falta o marketing para o bem. Acho que a gente precisa, principalmente neste momento, espalhar coisas boas, dizer para as pessoas coisas boas, sorrir para as pessoas, ajudar dentro dos limites. Estamos em um momento em que precisamos ter muita segurança com a higiene, se cuidar, até para cuidar dos outros.
Que mensagem você gostaria de deixar para o mundo?
Acho que é um momento de união, um momento de mostrar que o bem é muito maior, e que as pessoas podem fazer coisas boas e de coração. Acho que isto contagia, esse é o momento que o ser humano está precisando muito disso, reencontrar a humanidade que existe com muita força dentro do coração de cada um. Nossa principal mensagem, neste momento, é de esperança.
Eu gostaria que as pessoas vissem esta situação e se inspirassem: acreditando que o mundo é bom, e que não podemos esquecer e nem deixar de lado isto, apesar das noticias ruins que podem nos levar a uma tristeza profunda. Que tenham esperança que o mundo é bom e que pode ser ainda melhor com nossas ações. A mensagem é de ajudar uns aos outros, pois é um momento de aprender ainda mais com a nossa própria humanidade.
Vinicius nos disse também que dentre os moradores no prédio, seguindo as orientações de segurança, estão surgindo outras iniciativas para ajudar as pessoas. Não somente os idosos, mas outras pessoas pertencentes aos grupos de risco. Estão vendo como podem ajudar neste desafio.
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