Mídia católica na Índia: sensacionalismo é um perigo para países democráticos
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
A Associação de Imprensa Católica da Índia (ICPA), em atividades há mais de 50 anos no país, organizou o 25º Congresso Nacional dos Jornalistas Cristãos no último sábado (29), em Nova Deli, ao reunir bispos e especialistas da área, além de centenas de comunicadores e estudantes do país. O encontro direcionou o debate para duas máximas que deveriam guiar diariamente o trabalho nas redações: respeitar a verdade dos fatos e ser a voz de quem não tem voz.
O pragmatismo sacrifica a verdade
O tema do encontro, segundo a agência de notícias Ucan, foi sobre o jornalismo praticado atualmente, quando “o pragmatismo triunfa sobre os princípios”, sacrificando o respeito da verdade, seja por pressões do poder, seja pela busca do sensacionalismo. O arcebispo de Deli, Dom Anil Joseph Thomas Couto, sublinhou que “a mídia é uma vocação e uma missão, então, os jornalistas cristãos têm o dever de defender a verdade e de falar para os Dalit, os tribais, os oprimidos e sem voz”.
Dom Anil lamentou ainda, apontando o dedo aos jornalistas que não respeitam a deontologia profissional, transformando-se em “torcedores do poder”, que, “infelizmente, o cão de guarda se tornou um cachorrinho de estimação que, na corrida pelo sensacionalismo, às vezes nem mesmo controla os fatos. E isso é muito perigoso para um país democrático”.
A liberdade de imprensa ameaçada
Outra preocupação do arcebispo foi em relação à situação da liberdade de imprensa na Índia, ao recordar que ultimamente o país caiu do número 140 ao 180 na classificação mundial. Segundo Dom Anil, os recentes ataques contra os jornalistas durantes os confrontos entre muçulmanos e hindus no norte de Nova Deli “não são de bom augúrio para o futuro da mídia” na Índia. Essa questão também foi lembrada em outras explanações durante o Congresso Nacional, entre elas, a do presidente da Associação de Imprensa Católica, Ignatius Gonzalves, ao evidenciar como não seja fácil retratar a verdade num mundo que não quer escutá-la.
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