Pax Christi defende certificação para evitar minérios "manchados de sangue"
Cidade do Vaticano
Na quinta-feira, 5 de março, o "Bundestag" alemão aprovou o projeto de lei do governo federal que determina a obrigação de certificação na cadeia de abastecimento para importadores de estanho, tântalo, tungstênio, minerais e ouro provenientes de áreas afetadas por conflitos e de alto risco. Na prática, a proposta de regulamentação visa garantir que os minerais extraídos e colocados no mercado não sejam "manchados de sangue".
Satisfação pela medida foi expressa pela Pax Christi, que, em uma nota, recorda a importância da responsabilidade de cada empresa na extração de matérias-primas.
Jean Djamba, porta-voz da Comissão da Pax Christi "Solidariedade com a África Central", que há anos trabalha para garantir que a corresponsabilidade das indústrias que trabalham com minerais extraídos em zonas de conflito seja legalmente regulamentada, também pede que "as listas dos importadores dentro da União Europeia sejam publicadas anualmente, para garantir o respeito pelos direitos humanos em toda a cadeia de abastecimento".
"É extremamente importante, sobretudo para a República Democrática do Congo - sublinha Djamba - que os nomes das empresas que ali investem sejam conhecidos".
Nas zonas de guerra - continua o representante da Pax Christi - "a paz só é possível se a economia de conflito baseada em matérias-primas for transformada em uma economia de paz. As empresas que compram matérias-primas nessas regiões devem poder revelar isso e serem responsabilizadas”.
Neste sentido, a Pax Christi pede que as empresas internacionais comprem "apenas matérias-primas certificadas", de modo a garantir que os lucros da extração em áreas de guerra "estejam a serviço da população e não da continuação do conflito".
A Pax Christi
A Pax Christi International nasceu na França em 1945, por iniciativa de Mons. Thèas e M.me Dortel - Claudot. Os propósitos iniciais do movimento eram a oração e a reconciliação. A primeira campanha organizada foi Pax Christi in Regno Christi, com o objetivo de reconciliar franceses e alemães após a Segunda Guerra Mundial.
No início dos anos 50, algumas comunidades foram fundadas na Inglaterra, Bélgica, Holanda, Áustria e Suíça. Pio XII realmente reconheceu o movimento em 1952, concedendo a ele sua bênção. O cardeal francês Feltin foi seu primeiro presidente internacional e estruturou o programa em três linhas principais: oração, estudo e ação.
Desde o final dos anos 50 e ao longo dos anos 60, o movimento se espalhou pela Europa Ocidental, abrindo seções nacionais na Irlanda, Espanha, Itália e Luxemburgo. Nestes anos, o presidente foi o cardeal Alfrink.
A Encíclica Pacem in Terris (1963), do Papa João XXIII, marcou um ponto de virada na vida do movimento e se tornou sua nova "Carta" ideal. Na Encíclica, a paz estava ligada à justiça e ao respeito pelos direitos humanos.
O Papa Paulo VI, na Populorum Progressio (1967), vinculou à paz ao tema do desenvolvimento dos povos. Esses documentos permitiram ao movimento estender seu leque de ações também à justiça e à solidariedade. No início dos anos 70, o movimento chegou aos EUA e à Austrália.
Atualmente, o movimento está presente nos cinco continentes, possui seções em dezenove Estados, enquanto em outros sete existem grupos associados e em dez, grupos afiliados.
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