Busca

Neste momento, é clara e urgente a necessidade da oração, de uma relação confiante e filial com Deus Pai, de entrega a Cristo Senhor, de invocação do Espírito Santo, que nos sustenta com o seu sopro de vida. Neste momento, é clara e urgente a necessidade da oração, de uma relação confiante e filial com Deus Pai, de entrega a Cristo Senhor, de invocação do Espírito Santo, que nos sustenta com o seu sopro de vida.  

O preceito dominical em meio ao surto do coronavírus

"Considerando o sério problema da pandemia que nos assola, experimentamos com tristeza a renúncia temporária ao preceito da participação na Eucaristia dominical, mas simultaneamente redescobrimos o tamanho valor que ela contém. Terminada essa fase crítica, nossas assembleias dominicais deverão tornar-se ainda mais repletas de fiéis, muito mais desejosos do encontro com Cristo e com os irmãos a cada domingo e solenidade, não como uma simples obrigação a ser cumprida, mas com imenso prazer, alegria e gratidão de quem redescobriu a beleza desse encontro na privação dele. "

Pe. Fabio de Souza Balbino

O caminho quaresmal deste ano se faz de um modo totalmente inesperado. A emergência do coronavírus – cientificamente  chamado “Covid-19” – nos impôs medidas extremas para que não haja o contágio. Em conformidade com os Decretos Federal, Estadual e Municipal, as diversas Igrejas particulares publicaram orientações, comportando-se de maneira responsável. Entre essas orientações, está a suspensão do preceito das Missas dominicais nesse período, deixando facultativa a participação dos fiéis, de modo a evitar a aglomeração de pessoas, como medida preventiva contra a pandemia.

A Constituição Sacrosanctum Concilium ensina que, no domingo, dia do Senhor, “os fiéis devem reunir-se para participarem na Eucaristia e ouvirem a Palavra de Deus, e assim recordarem a Paixão, Ressurreição e glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus” (SC 106). Também o Catecismo da Igreja Católica nos assegura que “a celebração dominical do Dia e da Eucaristia do Senhor está no coração da vida da Igreja. O domingo, em que se celebra o Mistério Pascal, por tradição apostólica, deve guardar-se em toda a Igreja como o primordial dia festivo de preceito” (CIC 2177). A celebração da Eucaristia, a escuta da Palavra de Deus em comunidade, o encontro entre irmãos e irmãs constituem dimensões fundamentais da nossa vida como discípulos de Cristo. Desse modo, os fiéis devem participar da Eucaristia nos domingos e demais dias de preceito, a menos que estejam justificados por motivos muito sérios (Cf. CIC 2181). 

Considerando o sério problema da pandemia que nos assola, experimentamos com tristeza a renúncia temporária ao preceito da participação na Eucaristia dominical, mas simultaneamente redescobrimos o tamanho valor que ela contém. Terminada essa fase crítica, nossas assembleias dominicais deverão tornar-se ainda mais repletas de fiéis, muito mais desejosos do encontro com Cristo e com os irmãos a cada domingo e solenidade, não como uma simples obrigação a ser cumprida, mas com imenso prazer, alegria e gratidão de quem redescobriu a beleza desse encontro na privação dele. 

Neste momento, é clara e urgente a necessidade da oração, de uma relação confiante e filial com Deus Pai, de entrega a Cristo Senhor, de invocação do Espírito Santo, que nos sustenta com o seu sopro de vida. Por isso, esforcemo-nos melhor, nestes dias “especiais”, para rezarmos onde estamos e como estamos: em casa, na família ou sozinhos. Estamos ligados e unidos entre nós e no Senhor, que nunca nos deixa solitários. 

Os sacerdotes, ao celebrarem a Eucaristia sem a assembleia reunida, o farão para todos e assim, todos poderão participar espiritualmente da celebração do sacrifício de Cristo, ressuscitado e presente entre nós. O momento é oportuno para ler e meditar a Palavra de Deus em casa, com a família. É também um momento propício para que os fiéis conheçam melhor e celebrem a Liturgia da Horas, que através da oração dos Salmos, possibilita-nos dialogar com Deus utilizando as suas próprias palavras. A Liturgia das Horas santifica a pessoa no decorrer do dia. A esse respeito, vale considerar a Constituição Apostólica Laudis Canticum, quando nos assegura que toda a vida dos fiéis, em cada hora do dia e da noite, é quase uma leitourgia, mediante a qual eles se dedicam ao serviço de Deus e dos irmãos. Aderem também à ação de Cristo, que com a sua morada entre nós e com a oferta de si mesmo, santificou a vida de todos os homens e mulheres (Cf. LC 8). 

As diversas práticas de devoção – rosários, novenas, meditação da via sacra, entre outras – também são muito recomendáveis aos fiéis, em suas casas, neste tempo. De acordo com o Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, a piedade popular, enquanto uma relidade que tem vida na Igreja e para a Igreja, deve ser valorizada (Cf. DPPL 61). Em comunhão com tantas Igrejas neste mundo afora, onde muitas vezes a celebração da Eucaristia não é possível, experimentamos a escuta do Deus-conosco que nos fala, que se comunica a nós, que continua a reunir a sua Igreja no amor. 

Pe. Fabio de Souza Balbino

Doutor em Liturgia pelo Pontifício Instituto Litúrgico Sant’Anselmo de Roma

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

24 março 2020, 10:41