Religiosas nas trincheiras para combater o coronavírus
Federico Piana/Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
Existe um exército eficaz alinhado na batalha contra a pandemia de coronavírus. É uma batalha discreta e quase invisível das religiosas. Quer sejam enfermeiras ou de clausura, que cuidam da assistência aos pobres ou que ajudam as famílias das pessoas afetadas pela doença, todas possuem duas armas poderosas: a oração e o amor. Um exemplo interessante dentre muitos que poderiam ser citados, é o das irmãs de São Camilo. Em toda a Itália, elas administram cinco hospitais: Roma, Trento, Treviso, Brescia e Cremona. Os três últimos estão atendendo os infectados pelo Covid-19, uma frente altamente perigosa.
Prontas a dar vida pelos outros
“Em todas as nossas estruturas, existem religiosas-enfermeiras que estão arriscando suas vidas com abnegação, neste período”, explica a diretora do Hospital São Camilo em Treviso, irmã Lancy Ezhupara, secretária-geral da ordem. As religiosas não têm medo, pelo contrário: “Nós, Filhas de São Camilo, fazemos um quarto voto, além dos três votos clássicos de pobreza, obediência e castidade: o de servir os enfermos, mesmo com o custo da própria vida. Talvez nos últimos anos, para muitas de nós, o quarto voto tenha sido um pouco ofuscado, mas hoje volta com força a ter toda a sua extrema atualidade”.
No hospital de Treviso, existem mais de cem lugares para acolher os contagiados, mas as dificuldades são muitas, pois há uma escassez de instrumentos de saúde. “Mas nós, como Igreja, como religiosas e como pessoas, certamente não recuamos”, disse irmã Lancy, que encontra conforto na reação de suas irmãs, prontas para qualquer coisa a fim de estar perto daqueles que sofrem: “A disponibilidade total delas me comove. Estão cientes de que podem morrer, mas repito: a força nos é dada pela oração, pela intercessão de São Camilo e pelo nosso quarto voto”.
Oração, arma vencedora
Outra fronte imprescindível para a vitória é a da oração constante. Aqui também, de Aosta a Palermo, as religiosas estão na linha de frente. Há aquelas que rezam o terço usando megafones colocados nas varandas de seus mosteiros, aquelas que usam as redes sociais para partilhar novenas e orações, aquelas que na solidão de suas clausuras multiplicaram sacrifícios e mortificações.
Em Bergamo, uma das cidades mais afetadas pela pandemia, existe o mosteiro beneditino de Santa Grata. A superiora é a irmã Maria Teresa e destaca que, não obstante a clausura, “temos internet e TV. Portanto, conhecemos a dor atual do mundo”.
Neste tempo cruel as claustrais intensificaram suas orações: “De fato, permita-me o termo, estamos fazendo uma verdadeira maratona de orações”, disse a irmã Maria Teresa. “Recebemos pedidos de várias partes do mundo e com alegria nos armamos com terços, novenas e Credo, uma oração antiga, tradição de nosso mosteiro, que as nossas ancestrais usavam em tempos de calamidade”. Além da oração, existe proximidade, partilha da dor. “Todas as monjas”, revela a irmã Maria Teresa, “estão em contato telefônico com os profissionais de saúde do hospital da cidade, que está entrando em colapso. Eles nos falam sobre a tragédia vivida em primeira pessoa. Nós fazemos a nossa parte não nos esquecendo que o corpo também tem uma alma que deve ser defendida, salva”. A guerra contra o coronavírus também pode ser vencida assim.
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