Covid-19: seminário é aberto aos moradores de rua em Colônia, na Alemanha
Claudia Kaminski, Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Já no início desta semana, 60 moradores de rua da cidade de Colônia, na Alemanha, faziam fila, respeitando o distanciamento social, a fim de receber uma refeição quente no seminário diocesano. A iniciativa de caridade entrava em sintonia com o pedido do Papa Francisco desta terça-feira (31), feito na missa da Casa Santa Marta, de a Igreja acolher, neste período de emergência do Covid-19 em que se pede para ficar em casa, aqueles que não têm uma casa.
“Tantos se encontram com muita necessidade. Mas como foi inspirador ver os jovens voluntários e o senso de comunidade”, disse o cardeal Rainer Maria Woelki, arcebispo metropolitano de Colônia, através de um tweet e de fotos que registram o acolhimento dos moradores de rua. Em entrevista ao Vatican News, o prelado deu detalhes sobre a iniciativa:
Dom Woelki – “Nos últimos dias, os meus colaboradores da Cáritas disseram que a situação dos moradores de rua é cada vez mais dramática. Inclusive os jornais e a televisão estão falando. São muitos aqueles que, simplesmente, têm fome, e há dias não conseguem nem mesmo se lavar, faltando realmente as condições básicas. Inclusive aqui, na Alemanha, a crise do coronavírus nos coloca diante de grandes desafios. Tiveram que fechar os refeitórios e são normalmente essas organizações aquelas que se ocupam de pessoas idosas que fazem parte do grupo de risco. Algumas organizações assistenciais também precisaram suspender as suas atividades. E, dessa forma, eu me disse: ‘bom, é o momento de agir como Igreja’. Porque não somos apenas uma comunidade para o serviço da missa; mas do nosso ser cristão também faz parte a Cáritas, o aspecto diaconal e, daqui, a ideia de oferecer esse serviço aos moradores de rua com a ajuda dos jovens. É realmente muito bonito que os candidatos ao seminário e estudantes de Teologia de Bonn e de Sankt Augustin se mostraram disponíveis, junto aos muitos jovens do nosso Centro da Juventude daqui, de Colônia. Eu me entusiasmo em ver o quanto bem se faz aqui, inclusive da parte das estruturas da prefeitura, do Serviço Social e da Cáritas. Mas ainda faltava alguma coisa para poder ajudar realmente, neste momento, as pessoas que não têm uma casa, que não tem um teto sobre a cabeça.”
Quantas pessoas o senhor acredita que realmente irão pedir ajuda? E quem vai preparar as refeições para os hóspedes?
Dom Woelki – “Neste momento não sei quantos virão pedir para serem acolhidos. Espero, porém, que todos aqueles que se encontram em dificuldade consigam encontrar a estrada para vir até nós. Penso que poderemos receber até 100-150 pessoas. A cozinha do nosso Vicariato, que prepara diariamente a comida aos colaboradores, vai preparar as refeições. Isso não será um problema.”
A fraternidade cristã e solidariedade europeia
O senhor ajudou também que os hospitais católicos da sua diocese pudessem receber doentes de Covid-19, provenientes da Itália. Como nasceu essa iniciativa e quantos doentes graves foram acolhidos? Estão sendo esperadas outras pessoas?
Dom Woelki – “Vi na televisão as imagens dos hospitais italianos e me comoveram profundamente: os pacientes e, claro, naturalmente os médicos e enfermeiros. E pensei: ‘devemos nos ajudar entre nós, somos cristãos e devemos ser solidários’. É justamente nessa situação que devemos nos doar como um sinal do amor cristão pelo próximo. E bem ali, na Itália, onde a epidemia assola de maneira tão violenta, não podemos deixar sozinhos os nossos irmãos e as nossas irmãs. E, assim, disse: ‘deixa eu ver quantos lugares podemos colocar à disposição’ e, até agora, conseguimos receber 6, como fizeram em outros lugares da Alemanha. Acredito que seja um bonito sinal da nossa solidariedade fraterna de cristãos e certamente também um sinal importante da nossa solidariedade como União Europeia. É isso que devemos viver, que devemos experimentar.”
Pega o telefone e diz uma palavra de conforto
Muitos têm medo dessa epidemia do coronavírus: pensam, acima de tudo, em si próprios e na sobrevivência da família. O que podemos dizer a essas pessoas?
Dom Woelki – “Me parece absolutamente muito compreensível que as pessoas tenham medo de adoecer e que pensem, em primeira instância, em si próprios e nas suas famílias: são as pessoas que amam. Do outro lado, como cristãos, devemos pensar que o nosso próximo a gente vê o irmão e a irmã, e devemos procurar ajudá-los. E podemos fazer isso respeitando as disposições recebidas, ficando em casa e não contribuindo a uma maior difusão do vírus."
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