Burkina Faso: cardeal faz apelo por uma onda de solidariedade internacional
Vatican News
"Do fundo do meu coração de pastor, gostaria de fazer um grande apelo por uma grande onda de solidariedade, quer em nível local, como regional e internacional, em favor dos pacientes de Covid-19. Há uma urgente necessidade de meios adequados para salvar as muitas vidas humanas afetadas! "Um dedo não colhe farinha", ensina a sabedoria africana. Então, vamos nos unir para afastar de nosso país e do mundo, esta terrível praga que gera consequências tão graves".
O apelo é do cardeal Philippe Nakellentuba Ouédraogo, arcebispo de Ouagadougou, Burkina Faso, que recém recebeu alta da Clínica Les Genets, na capital, onde foi hospitalizado com Covid-19 no final de março.
Gratidão
“A situação provocada pela pandemia causou problemas no âmbito da saúde, socioeconômico, cultural e espiritual, e isso se aplica a todos. Assim, como discípulos de Cristo, reiteramos o ato de confiança do apóstolo Pedro: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens palavras de vida eterna!" (João, 6, 68)”, afirma o purpurado em uma mensagem dirigida a sua diocese e a seus amigos cristãos e não cristãos, e publicada no site da Conferência Episcopal do país.
"Uma grande multidão, próxima ou distante, de fiéis, pais, amigos e conhecidos (católicos, muçulmanos, protestantes e seguidores da religião tradicional, autoridades políticas e administrativas) expressaram sua proximidade: por telefone, por meio de mensagens, às vezes dando conselhos sobre como curar minha doença ou até organizando novenas de orações por mim", diz o cardeal Ouédraogo.
"Diante de todas essas expressões de solidariedade e compaixão, ofereço de bom grado esse momento de provação e, acima de tudo, minha oração diária por qualquer pessoa que esteja doente de Covid-19 ou sofra de outras doenças, para pôr um fim à morte de pessoas inocentes perpetradas pelas forças do mal, pela reconciliação, justiça e paz em Burkina Faso”.
Ao apresentar as diretrizes da Igreja burkinabé para combater a propagação do Covid-19, os bispos haviam assegurado "acompanhar com atenção a propagação de infecções e doenças por todo o mundo e no país", cientes de sua "responsabilidade de proteger o povo de Deus e os cidadãos, colaborando com o governo".
"Não é hora de polêmica ou psicose - enfatiza -, mas do rigoroso cumprimento por todos nós das instruções fornecidas pelas autoridades competentes em nosso país".
Epidemia semelhante à verificada na Europa teria um efeito devastador na região
Na África subsaariana, onde, segundo a ONU, 76 milhões de pessoas têm necessidade da ajuda de organizações humanitárias para viver, a pandemia complica ainda mais o trabalho de ONGs que ajudam pessoas já vulneráveis.
No Níger e Burkina Faso, voos que transportavam pessoal humanitário foram suspensos após ataques jihadistas. De acordo com uma pesquisa conduzida pela London school of hygiene and tropical medicine e publicada na revista "Lancet", a epidemia de Covid-19 que afeta Burkina Faso e Senegal é de uma "particular preocupação", porque em ambos os países os casos "poderiam evoluir para um quadro semelhante ao observado em países europeus com as maiores epidemias”, como Itália e Espanha.
Segundo pesquisadores, o impacto de uma epidemia semelhante à atualmente observada na Europa teria um efeito devastador nessa região. A maior parte dos países da região possui menos de cinco leitos hospitalares para cada dez mil habitantes (Itália e Espanha têm valores de 34 e 35 para cada dez mil) e menos de dois médicos para cada dez mil habitantes (Itália e Espanha têm 41).
Os pesquisadores explicam que a epidemia chegou "mais tarde" na África Ocidental do que em outras regiões do mundo, "devido ao tráfego aéreo internacional limitado".
(L'Osservatore Romano)
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