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Representação do encontro do Cristo ressuscitado com Maria Madalena Representação do encontro do Cristo ressuscitado com Maria Madalena

Covid-19. Bispos sul-africanos: nosso silêncio seja de esperança, como na Ressurreição

“Encontramo-nos diante da verdade singular de que, independentemente da nação ou da raça, da classe social ou da idade, do poder econômico ou da fraqueza – ricos ou pobres que sejam –, todos estamos juntos na mesma realidade. Esta verdade é inegável. Daí deriva a absoluta necessidade de uma maior solidariedade”, afirmam os bispos sul-africanos em Carta pastoral

Cidade do Vaticano

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Numa Carta pastoral a todos os fiéis sul-africanos, assinada pelo bispo de Mthatha e presidente da Conferência Episcopal da República Sul-Africana, dom Sithembele Sipuka, os bispos do país com mais alto índice de contágios do coronavírus em todo o continente africano anunciam a luz do Senhor Ressuscitado também neste tempo sombrio provocado pela pandemia.

Inesperada pandemia trouxe medo para toda a humanidade

“Como sabemos, quando a notícia da Ressurreição de Cristo foi anunciada pelo anjo às mulheres seguidoras de Jesus, foi acolhida com incredulidade porque ainda estavam em estado choque por Sua execução do dia precedente. Estavam no silêncio total do medo e da dúvida – escrevem –, o silêncio que observamos no Sábado Santo é uma união simbólica destes primeiros seguidores de Jesus que se encontravam enlutados e confusos porque aquele que acreditavam ser o Messias, Jesus, tinha sido morto.”

“Este ano nosso silêncio foi também o símbolo do silêncio total e do isolamento social que atingiu o mundo inteiro por causa do inesperado assassino-Coronavírus que trouxe medo para toda a humanidade.”

“Neste clima de silêncio inquietador, queremos recordar a todos que creem que nosso silêncio não seja o silêncio do desespero, mas da esperança: efetivamente, enquanto Jesus estava pendido, morto e silencioso na cruz, seu poder salvífico agia.”

Gestos de solidariedade que aquecem o coração

“Pendida na cruz no silêncio e na derrota aparente, a força do amor de Cristo estava presente e operante nas mulheres, que porém de longe estavam solidárias com Jesus e velavam, estava presente e operante na coragem de José de Arimateia e de Nicodemos que reivindicam o corpo de Jesus e lhe dão uma digna sepultura. Após a Ressurreição, este poder e esta coragem se tornariam característicos de todos os seguidores de Jesus, levando adiante ao mundo inteiro a vitória de Cristo sobre o mal.”

Também em meio a estas trevas, observam os bispos, continuam existindo sinais de vitória final sobre a pandemia: por exemplo, os gestos de solidariedade que aquecem o coração. “Louvamos a colaboração de todos às restrições e nos congratulamos com o governo pela ampla resposta à pandemia. É também comovente notar que os indivíduos e as organizações estão dando o melhor de si para socorrer aqueles que foram duramente atingidos”.

União dos bispos ao Papa em sua mensagem pascal

Os bispos agradecem àqueles que puderam fazer ingentes doações em favor dos mais vulneráveis: “E desse modo, mesmo nesta hora de silêncio assustador, somos testemunhas das boas qualidades humanas de cuidado e cooperação entre as pessoas, e isso é consolador”. E àqueles que, ao invés, ignoram as disposições colocando em perigo a própria saúde e a dos outros, os bispos exortam: “É preciso considerar o bem comum que está em primeiro lugar”.

Por fim, os prelados evocam a forte mensagem do Papa Francisco por ocasião da Santa Páscoa: “Unimo-nos aos Santo Padre ao pedir fortes laços de solidariedade entre nós neste tempo. A distância social em nossa vida diária sempre significou a divisão entre pobres e ricos, mas a distância social à qual somos chamados agora é a do cuidado recíproco e da cooperação na eliminação do vírus”.

Ricos ou pobres, estamos todos juntos na mesma realidade

“Encontramo-nos diante da verdade singular de que, independentemente da nação ou da raça, da classe social ou da idade, do poder econômico ou da fraqueza – ricos ou pobres que sejam –, todos estamos juntos na mesma realidade. Esta verdade é inegável. Daí deriva a absoluta necessidade de uma maior solidariedade”, prosseguem os bispos sul-africanos.

“Enquanto devemos lavar as mãos regularmente para evitar o vírus, não lavemos as mãos da nossa responsabilidade um pelo outro, em particular os pobres que mais sentem o impacto do isolamento e que serão mais atingidos pelos efeitos da epidemia”, exortam.

Um pensamento aos doentes e aos profissionais de saúde

Por fim, um pensamento a quem adoeceu e se encontra na tribulação: “Recordamos na oração aqueles que foram atingidos por esta doença e que estão lutando por sua vida, os profissionais da saúde que correm grande risco de infecção, aqueles que estão receosos de perder o trabalho, os vendedores ambulantes e aqueles que sobrevivem com trabalhos manuais, bem como aqueles que estão sentados em casa sem o fornecimento dos bens de primeira necessidade. Que o Senhor que nos chama do sacrifício da Sexta-feira Santa e do silêncio do Sábado Santo, possa conduzir-nos para a vitória dominical da sua Ressurreição também sobre esta pandemia”.

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15 abril 2020, 14:02