A missão não se reduz a projetos e nem deve ser programática, mas paradigmática
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
É com esse espírito de abertura e de consciência a um processo contínuo de conversão pastoral missionária em toda a Igreja que o Pe. Maurício Jardim, diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias do Brasil, comenta a mensagem do Papa divulgada nesta quinta-feira (21) e dirigida aos diretores da rede presentes em todos os continentes.
Francisco voltou a refletir sobre os fundamentos da missão cristã através daquele que Pe. Mauricio descreve como “um texto programático”, assim como é a própria Exortação Apostólica Evangelii gaudium que traça o caminho do atual pontificado, e de onde partiu a mensagem do Papa às POM. Um incentivo para voltar à identidade missionária original:
“É um texto longo. É a primeira vez que o Papa desenvolve um tema tão extenso. Sempre os discursos costumam ter duas ou três páginas, e esta longa mensagem do Papa tem 12 páginas, eu diria com um conteúdo programático dentro deste caminho de reforma que está vivendo as POM. Seria uma refundação das POM para voltar ao seu carisma original, começado lá por Paulina Jaricot - essa leiga francesa que criou a primeira Rede Internacional de Oração e de Caridade, na forma de esmola, com um grupo de operárias francesas que estavam preocupados com os missionários e missionárias da China.”
O Pe. Maurício, então, cita os 5 pontos revistos pelo Papa Francisco e que constam na exortação apostólica:
“O Papa retoma 5 pontos da Evangelii gaudium que é a atração, a fé cresce por atração, não por proselitismo; o tema da gratuidade, da humildade, do senso da fé de todo o povo de Deus e a predileção para os mais pobres, os mais vulneráveis. São pilares da Evangelii gaudium que, nesse processo de reforma das POM, o Papa vai dando as bases. Ele não entra em detalhes nesse texto programático, mas ele ajuda nesse processo de reforma a nos inspirar por onde devemos caminhar. Por isso, o Papa fala das POM e do tempo presente, fala de talentos relacionados à identidade das POM e fala também de doenças e tentações que devem ser evitadas.”
Nos trilhos da oração e da caridade
Em se tratando de identidade, o diretor explica que, no Brasil, as POM têm procurado avançar sobre “dois trilhos” que conduzem o trabalho em todas as obras: “a oração e a caridade sob forma de esmola, que é o carisma original”. A rede procura manter essa identidade no âmbito da infância e adolescência missionária; na propagação da fé; nas atividades com a juventude, as famílias, os idosos e enfermos missionários; na formação do clero, da vida consagrada e dos seminaristas.
O esforço também é para recordar toda a Igreja da sua identidade missionária, acrescenta Pe. Maurício:
“A missão não é uma dimensão, não é algo mais. A missionariedade é a natureza da Igreja que não se reduz a algumas horas do dia, a algumas atividades, a alguns projetos e cursos, que seria a missão programática. Mas nós temos trabalhado muito para recordar a Igreja da sua missão paradigmática, que é a essência: tudo deve girar em torno da missão, a Igreja existe para evangelizar, ela é missionária por natureza. E esse é o serviço, então, que o Papa recorda, que as POM prestam à Igreja universal: de recordar a sua natureza missionária. E nós temos esse caráter pontifício, que o Papa diz na mensagem, de estar a serviço de uma comunhão eclesial, promover a comunhão das igrejas locais e dizer que cada diocese não está fechada em si mesma, mas está aberta ao horizonte maior da missão, que é sempre ad gentes, é universal, a missão no mundo inteiro.”
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