Portugal: D. José Ornelas é o novo Presidente da CEP
Domingos Pinto - Lisboa
“A pandemia fez-nos perceber como essas situações põem em causa toda a sociedade. É um escândalo e um perigo, uma sociedade como a nossa não se pode dar ao luxo de ter bolsas de pobreza, que acabam por ter uma consequência para a sociedade inteira”.
O alerta é de D. José Ornelas, bispo de Setúbal, na sua primeira conferência de imprensa como novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, no final da assembleia plenária do episcopado que terminou dia 17 de junho, em Fátima.
Uma assembleia na qual foram nomeados os presidentes das sete Comissões Episcopais para sectores específicos da atividade pastoral, reconduzindo no cargo cinco bispos. As duas novas presidências dizem respeito às comissões de Liturgia e Espiritualidade (D. Anacleto Oliveira, bispo de Viana do Castelo) e Missão e Nova Evangelização (D. Armando Esteves, bispo auxiliar do Porto).
O bispo de Setúbal apelou à defesa da vida que “é o suporte para todas as outras dimensões,” com especial cuidado às “fases mais frágeis do existir”, como é o caso do aborto e da eutanásia, e expressou solidariedade para com as vítimas da crise económica e social provocada pela pandemia, considerando neste contexto que a crise “terá tendência a agravar-se nos próximos meses”, em particular para as famílias mais carenciadas e pessoas que se viram sem recursos “de repente”.
A resposta económica e política não deve deixar “ninguém para trás”, sublinhou o Presidente da CEP que lembrou que “o que esta pandemia veio dizer é que precisamos de um Estado que assegure o fundamental da vida e da população. Assegure, não significa que tem de fazer tudo, mas é muito importante que esteja bem presente”.
No final desta assembleia plenária a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou ainda uma reflexão Intitulada como “Recomeçar e Reconstruir”, um texto com 40 pontos sobre a sociedade portuguesa a reconstruir depois da pandemia Covid-19.
Os bispos consideram nesta reflexão que a “lição prioritária a colher da tragédia desta pandemia é a da redescoberta do valor de cada vida humana, pois só esse valor poderá justificar as consequências das medidas tomadas para impedir a difusão da doença”.
O episcopado português sublinha que é fundamental “dar outra atenção à condição dos idosos e das instituições que deles cuidam”, e referem que “a legalização da eutanásia contradiz esta lição que vem da redescoberta do valor da vida humana”.
O documento reflete sobre a dimensão da crise que “parece não ter precedentes em gravidade e, por isso, reclama um esforço de solidariedade também sem precedentes”, e sublinha que “esta deve ser uma ocasião para repensar o sistema económico, para preservar o que ele tem de bom e para corrigir o que ele tem de negativo e injusto, como a desigualdade e a destruição do ambiente”.
Os bispos decidiram ainda celebrar a nível nacional uma eucaristia em sufrágio das vítimas da pandemia Covid-19 em Portugal, que terá lugar Novembro, em Fátima, no final da próxima assembleia plenária.
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