São Luiz Gonzaga: “É louco”
Bruno Franguelli, SJ
“É louco! É louco!” gritava o enfermeiro de um pequeno hospital enquanto via o jovem Luiz Gonzaga, com o seu hábito preto transportando nos braços uma vítima da peste. “Ele vai ser contaminado com a doença!” continuou a gritar o enfermeiro. Aproximou-se, então, um jesuíta ancião que estava administrando os sacramentos aos enfermos e disse: “Amigo, você sabe o que é a pureza? Eis ali, diante de teus olhos!” disse o jesuíta apontando para Luís. “A pureza é saber sujar as mãos quando existe necessidade. A pureza é morrer por alguém que não vale nada aos olhos do mundo. Para alguém puro de coração como este jovem, aquele pobre doente é como o Santíssimo Sacramento. Veja como ele o abraça!”. “Mas, como pode um dos Gonzagas ser reduzido a isso?”, disse, quase chorando o enfermeiro. “Não diga isso!” disse o jesuíta ancião, “Este garoto vê mais longe que todos. Entendeu profundamente o que ensinou Nosso Senhor: ‘Quem quiser ser o primeiro que se faça servo de todos!’. A família Gonzaga, com o tempo, será esquecida por todos. Mas este garoto não, porque ele escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.
Este é um belo trecho extraído das crônicas que narram a vida do jovem italiano Luiz Gonzaga, nascido em 1568 em Catiglione (Itália). Desde o nascimento, Luiz estava destinado a herdar, com sua primogenitura, os títulos de honra e poder de seus familiares. Quando criança, conheceu de perto a violência gerada pela disputa de poder entre os parentes. Sofreu de perto o resultado de tal violência, testemunhando o assassinato de seus próprios irmãos. Aos 17 anos renunciou a todas as honrarias para ingressar na Companhia de Jesus. Mesmo com a saúde fragilizada, diante de uma epidemia em Roma ocorrida na última década do século XVI, colocou-se a serviço dos contaminados. Contraindo ele mesmo a doença, morreu vítima de sua caridade e zelo pelos sofredores. O Papa Francisco enviou uma mensagem especial ao reitor da Igreja de Santo Inácio em Roma, onde São Luiz Gonzaga esta sepultado, na qual revelou sua grande admiração pelo patrono da juventude e dos contaminados por vírus e epidemias:
“São Luiz Gonzaga é testemunha e modelo de uma forma concreta de amor ao próximo que não se paralisa diante do risco e o medo, mas se doa sem descanso com generosidade e coragem. Morreu gastando-se no serviço das pessoas que estavam às margens da sociedade e descartadas por todos. A caridade evangélica levou-o além: no seu sacrifício manifestou a fantasia do amor que é sempre criativo.”
Ainda na mesma mensagem o Papa agradeceu a recordação das vítimas da epidemia e todos aqueles que se dedicam no cuidado delas:
“Aprecio que, na memória do nascimento do jovem Luiz Gonzaga, recordem com gratidão orante os médicos, os enfermeiros, os servidores da saúde e os voluntários que com grande abnegação não mediram esforços, arriscando a vida para cuidar dos doentes pela pandemia. Agradeço-vos por este belo gesto de reconhecimento. Esses não recuaram diante do perigo do contagio, dando assim, um maravilhoso testemunho de serviço, vivido não somente como uma profissão mas também como uma missão. São os “missionários” da solidariedade e da dedicação heroica!”
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