Filme contará martírio dos cristãos coptas na costa da Líbia
Cidade do Vaticano
A primeira obra cinematográfica dedicada aos 20 cristãos coptas decapitados em 2015 por jihadistas na costa da Líbia, juntamente com seu colega de trabalho ganês, se chamará "Mártires da fé e da nação". A iniciativa tem a bênção do patriarca copta-ortodoxo Tawadros II e será realizada sob a supervisão de Anba Pavnotios, bispo copta-ortodoxo de Samalut.
Em recente comunicado divulgado pela própria Diocese de Samalut, foi anunciado o início iminente das filmagens, que deveria ter iniciado em janeiro passado, mas adiado devido à epidemia de coronavírus. A coleta de testemunhos e materiais úteis para a redação e revisão do roteiro, confiada à escritora Mina Magdy, teve início há muito tempo.
O roteiro também é baseado no depoimento de parentes dos mártires, quase todos naturais da região de Samalut. O texto a ser transformado em filme, antes de chegar ao seu ápice com as cenas sobre o martírio, a descoberta dos corpos em uma cova comum e o retorno dos restos mortais ao Egito, repassa a vida dos jovens coptas martirizados nos detalhes de sua vida cotidiana e familiar, marcada pelas fadigas, esperanças e desejos de um futuro melhor. Os mesmos desejos que os levaram a emigrar para a Líbia, em busca de um emprego digno e útil para sustentar suas famílias.
A direção do trabalho foi confiada ao cineasta Yussef Nabil, que já no passado havia demonstrado interesse em levar para as telas a história do martírio desses cristãos. O anúncio do plano das filmagens e do início dos trabalhos – explica ao Wataninet.com Nader Shoukry, membro da comissão encarregada de revisar o roteiro - também visa captar recursos para apoiar o ambicioso plano de trabalho.
O comunicado divulgado pela Diocese de Samalut também traz a mensagem divulgada pelos cineastas envolvidos no projeto, que pedem a todos "que rezem para que o Senhor complete o trabalho conosco, ajudando-nos a realizar o filme da melhor maneira, para que se torne um testemunho da força dos mártires, para todas as gerações futuras".
Os 20 egípcios coptas e seu colega de trabalho ganês foram sequestrados na Líbia no início de janeiro de 2015. O vídeo de sua decapitação foi publicado por sites jihadistas no dia 15 de fevereiro seguinte. Apenas uma semana após a notícia do massacre, o patriarca copta-ortodoxo Tawadros II decidiu inscrever os 21 mártires decapitados por afiliados do auto-proclamado Estado Islâmico (Daesh) no Synaxarium, o livro dos mártires da Igreja Copta, estabelecendo que sua memória seja celebrada precisamente em 15 de fevereiro.
Os restos mortais dos coptas mortos na Líbia pelos jihadistas foram identificados no final de setembro de 2017 em uma vala comum na costa da Líbia, proximidade da cidade de Sirte. Seus corpos foram encontrados com as mãos amarradas atrás das costas, vestindo os mesmos macacões alaranjados que usavam no macabro vídeo filmado pelos executores no momento da decapitação.
Este ano, conforme relatado pela Agência Fides, os "mártires coptas da Líbia" foram celebrados de forma solene na Diocese copta-ortodoxa de Samalut, no quinto aniversário de seu martírio. As celebrações foram realizadas de 1° a 16 de fevereiro na igreja e museu-sacrário dedicados aos mártires, construídos raídamente em Samalut com o apoio concreto do governo egípcio.
“O vídeo que mostra sua execução – havia dito o bispo copta-católico emérito de Gizé, Anba Antonios Aziz Mina, após o massacre dos 21 mártires - foi construído como uma encenação chocante, com a intenção de espalhar o terror. No entanto, naquele produto diabólico da ficção e do horror sanguinário, vê-se que alguns dos mártires, no momento de sua bárbara execução, repetem 'Senhor Jesus Cristo'. O nome de Jesus foi a última palavra que apareceu em seus lábios. Como na paixão dos primeiros mártires, entregaram-se nas mãos daquele que logo os receberia. E assim celebraram sua vitória, a vitória que nenhum carrasco poderá tirar deles. Aquele nome sussurrado no último instante foi como o selo de seu martírio."
(GV - Agência Fides)
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