Acolhimento aos migrantes, “uma necessidade e um bem para Portugal”
Domingos Pinto – Lisboa
“Os homens e mulheres que eram como ovelhas sem pastor, são hoje os atuais milhões de pobres em todo o mundo, os milhões de refugiados que têm de fugir como Jesus para terem vida, os migrantes que, por desconhecimento das formas legais de emigrar, são explorados por contrabandistas e traficantes, os milhões de pessoas deslocadas forçadamente dentro do seu próprio país, por falta de segurança. Todos estes têm direito à festa nupcial”.
Palavras de D. José Traquina, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, que presidiu à Peregrinação Internacional Aniversária de agosto em Fátima, este ano com a particularidade de integrar também a Peregrinação dos Migrantes, um dos pontos altos da 48.ª Semana Nacional das Migrações que termina este domingo, 16 de agosto.
Uma reflexão na homilia na eucaristia de enceramento a partir do relato do Evangelho onde é descrito o episódio da festa de casamento em Caná da Galileia, para afirmar que sendo a festa um sinal de “alegria comunitária” que “dá sentido à vida humana”, todos têm o direito a participar na festa “convocada por Deus”.
D. José Traquina lamentou que a pandemia do Covid-19 tenha limitado a convocação de festas e convívios, mas realçou que a situação “acentuou” a consciência de que grande parte das festas populares tem a sua origem na Igreja e , o cancelamento das celebrações fez promover “sinais essenciais”.
O prelado convidou os peregrinos no santuário de Fátima a permanecer no “amor indestrutível” que é celebrado em cada Eucaristia, “o grande sacramento da Igreja que suscita e alimenta o zelo apostólico e a prática da caridade”.
Marcante foi também o desafio de D. José Traquina na vigília desta peregrinação no sentido de um maior envolvimento dos cristãos no acolhimento aos migrantes, “uma necessidade e um bem para Portugal”, e lançou um novo apelo a pensar na dramática situação em Cabo Delgado, em Moçambique, onde “existem mais de 250 mil pessoas deslocadas”.
“Não admira, portanto, que seja naquela região de Moçambique que se encontra a maior densidade de pessoas atingidas pelo coronavírus naquele país. De Portugal já foram promovidas diversas iniciativas de apoio, mas a necessidade é grande. Porém, é urgente que seja encontrada uma solução para travar os combates armados que atingem pessoas inocentes”, sublinhou.
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