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As marcas da migração no corpo e na alma

A missionária scalabriniana Ir. Nyzelle Dondé tem uma longa experiência no campo migratório. Atualmente está em Honduras, onde a Igreja no país promove a Semana do Migrante e do Refugiado. A brasileira fala de histórias que marcaram sua trajetória como religiosa e faz um convite aos jovens em busca de sua vocação.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

“A Fernanda tem 24 anos e é de Honduras. Mencionando a sua história bastante trágica, ela contou que foi traficada e conseguiu fugir durante um tiroteio que teve com os sequestradores no México. Ela recebeu oito tiros em seu corpo e uma das balas atingiu seu pescoço e saiu pelo olho esquerdo. Então Fernanda sofria muitas dores e muito incômodo pelos resíduos da bala que ficaram em seu organismo. Possivelmente ela poderia fazer uma cirurgia e estava fortemente abalada e traumatizada. Enquanto ela compartilhava esta experiência de flagelo, que foi passar por momentos de muita angústia e apreensão e ter saído ilesa desse tiroteio, ela chorava muito. No final, com o sorriso nos lábios, ela pôde dizer que tem um filho, que o ama muito, e que este filho estava em Honduras com a sua mãe. A história da Fernanda me acompanha até hoje. Ainda lembro dos seus olhos e de sua fisionomia, mas sobretudo da marca que a migração deixou em sua vida e em seu corpo.”

Este dramático relato nos é feito pela Irmã scalabriniana Nyzelle Juliana Donde, da Pastoral da Mobilidade Humana em Honduras.

A Igreja no país está celebrando a Semana do Migrante e do Refugiado, que se concluirá no dia 6 de setembro.

A missionária brasileira coordena esta Pastoral que há 29 anos realiza um trabalho muito especial junto aos migrantes, atendendo e encaminhando os deslocados que são obrigados a deixar o país, de modo que a evcuação seja feita de maneira digna e protegida.

A Pastoral também presta assistência aos familiares de migrantes desaparecidos durante a rota migratória; e oferece auxílio a quem regressa a Honduras descapacitado, mutilado e a quem teve seu sonho interrompido ao sofrera um acidente durante o percurso rumo aos Estados Unidos.

Na bagagem de um migrante, não podem faltar dois ingredientes: esperança e fé, pois não se trata de escolha, mas de sobrevivência.

Ir. Nyzelle tem uma longa experiência no campo da migração. Antes de ir a Honduras, ela trabalhou nos albergues seja no norte, seja no sul do México. Uma escolha de vida que a leva a fazer um convite especial a todos os jovens por um discernimento vocacional.

Ouça aqui a reportagem completa:

Marcas da migração

O Senhor nos pedirá contas

No dia 24 de agosto passado, recordou-se o 10º aniversário do massacre de setenta e dois migrantes em San Fernando, Tamaulipas, México, entre os quais havia também brasileiros.

O próprio Papa Francisco lembrou desta tragédia no Angelus do dia 23 com essas palavras:

“Eram pessoas de diferentes países em busca de uma vida melhor. Expresso minha solidariedade às famílias das vítimas que ainda hoje invocam a justiça e a verdade sobre o ocorrido. O Senhor nos pedirá contas de todos os migrantes mortos no caminho da esperança. Eles foram vítimas da cultura do descarte.”

Ir. Nyzelle conta como foi esta celebração, que envolveu justamente os familiares das vítimas:

Tragédia em San Fernanrdo

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31 agosto 2020, 11:58