Arcebispo de Mosul entre os candidatos ao Prêmio Sakharov 2020
Vatican News
Durante o avanço do autoproclamado Estado Islâmico no Iraque em agosto de 2014, ele favoreceu "a evacuação de cristãos, sírios, caldeus para o Curdistão iraquiano e salvou mais de 800 manuscritos históricos, que vão do século 13 ao 19". Por esta razão, o Parlamento Europeu decidiu indicar o arcebispo de Mosul, o dominicano Najeeb Moussa Michaeel, para o Prêmio Sakharov 2020 pela liberdade de pensamento.
O reconhecimento é atribuído todos os anos a “pessoas e organizações que lutam pela defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”. Para o prelado, entrevistado pela Agência Asia News, esta indicação representa "uma honra e um alento a todos os iraquianos", mas também é uma forma para "recordar as tantas vítimas inocentes".
No passado, o atual arcebispo de Mosul supervisionou a conservação e digitalização de centenas de manuscritos antigos em aramaico, árabe e outras línguas, e de milhares de livros e de cartas centenárias. “Desde 1990 – recorda o comunicado do Parlamento Europeu – ele contribuiu para a conservação de mais de 8 mil volumes e 35 mil documentos da Igreja Oriental”.
“As balas sibilavam sobre nossas cabeças enquanto buscávamos abrigo com as mãos carregadas de livros preciosos”, conta o prelado, segundo o qual sua candidatura representa “uma assinatura em cada página desses manuscritos” e também uma recordação “das vítimas inocentes, em particular os yazidis: um povo pacífico, que teve de enfrentar uma verdadeira tragédia e ao qual me sinto particularmente ligado”.
“Para que os manuscritos e as pessoas pudessem ser salvos durante o avanço dos milicianos do Daesh – acrescenta o sacerdote – eram necessários muitos pés e muitas mãos. Pedi a Deus, naqueles momentos, para ter dez pés e dez mãos para salvar livros e pessoas. Ele respondeu enviando-me em socorro muitos jovens que me ajudaram nesta missão. Tivemos uma resposta comum de todo o povo, até mesmo muçulmanos, que fizeram um trabalho extraordinário para ajudar as famílias cristãs e salvar seu patrimônio cultural”.
“Temos necessidade de uma verdadeira paz para continuar a viver como uma comunidade baseada no princípio de cidadania, superando as barreiras de raça, religião e etnia. O Iraque pode ser subjugado por países vizinhos e por forças externas. É inaceitável. Não podemos permitir que o Daesh seja substituído por forças que são tão ou mais perigosas”.
A dignidade do ser humano - conclui ele - deve ser acompanhada pelo "valor máximo da educação e instrução nas escolas, igrejas, nas mesquitas onde é necessário combater o ódio por todos os meios e encorajar discursos positivos, de paz e fraternidade. A educação continua a ser a melhor arma para combater o obscurantismo e o mal do nosso tempo”.
Existem cinco candidatos para o Prêmio Sakharov 2020. Caberá agora às Comissões dos Assuntos Estrangeiros, Direitos Humanos e Desenvolvimento do Parlamento da UE selecionar os três finalistas em 28 de setembro.
“A Conferência dos presidentes, isto é, o Presidente do Parlamento Europeu e os dirigentes dos grupos políticos, segundo o site do Parlamento Europeu, escolherá então o vencedor que será anunciado no dia 22 de outubro. O prêmio será entregue durante uma cerimônia oficial no dia 16 de dezembro em Estrasburgo”.
Vatican News Service - PO
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