Em resposta ao apelo do Papa, CRB Nacional pede apoio a grupos que trabalham com migrantes
Andressa Collet - Vatican News
No domingo, 27 de setembro, a Igreja celebrou o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Para reforçar a sensibilização pelo fenômeno que se apresenta inclusive no Brasil, a Irmã Maria Inês Ribeiro Vieira, presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional), através de uma mensagem em vídeo, afirmou que organização escolheu justamente como segunda prioridade para os trabalhos do triênio (2019-2022) “ouvir o clamor dos pobres e da Terra”:
“Como uma das nossas ações, escolhemos apoiar as parcerias com as instituições que atuam junto aos migrantes, refugiados, povos originários e quilombolas. A mensagem do Papa Francisco para esse dia tem como tema “Forçados, como Jesus, a fugir”, lembrando que a Sagrada Família se refugiou no Egito, o Papa é sensível à realidade migratória que torna as pessoas mais vulneráveis ao tráfico humano, à fome, à violência e às doenças. Não esqueçamos do apelo do Papa!”
A Conferência dos Religiosos do Brasil, assim, exorta que os grupos que trabalham diretamente com os migrantes e refugiados sejam apoiados, fortalecendo a grande rede que acolhe e integra os deslocados, para promover e proteger a causa.
Os condenados da Terra
Por ocasião do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, as Irmãs Scalabrinianas se mobilizaram em prol da Campanha “Em fuga” para sensibilizar a sociedade sobre as pessoas em situação de deslocamento interno. Em todo o mundo, elas já são em 45,7 milhões, segundo dados de junho deste ano do Relatório de Tendências Globais da ONU.
“Para a Pastoral Migratória e para os próprios migrantes, fica o gigantesco desafio de transformar toda fuga em uma nova busca. E cada busca representa uma etapa que nos aproxima da pátria definitiva, ao mesmo tempo pré-anúncio e antecipação do Reino de Deus”, afirma Pe. Alfredo Gonçalves, que atuou por 25 anos em meio aos deslocados internos no Brasil. O documento, escrito pelo missionário scalabriniano a pedido da coordenação da campanha, dá ênfase aos deslocamentos internos no país e chama a atenção para as causas e consequências históricas do fenômeno.
Padre Alfredinho conclui o texto recordando que “os migrantes internos na trajetória brasileira, ao lado de uma multidão de outros rostos empobrecidos e vulnerabilizados, representam, sim, ‘os condenados da Terra’. Condenados ao deslocamento compulsório, mas também à senzala, à moradia pobre e precária. Enquanto aos habitantes da Casa Grande estão reservados os privilégios e os benesses intocáveis, aos moradores da senzala cabem as migalhas, os favores”.
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