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Rumo aos 90 Anos do Cristo Redentor: de braços abertos, acolhe um mundo de irmãos

O que não falta são motivos para comemorar os 90 anos de um monumento que, mesmo diante dos grandes desafios impostos pela pandemia, continuou de “braços abertos” e nos ensinando “que podemos ter um mundo de irmãos”, como afirmou o próprio arcebispo do Rio, cardeal Orani João Tempesta. Com o aniversário festejado no dia da padroeira do Brasil, agora se parte rumo às comemorações dos 90 Anos daquele “gigante de pedra”, como descreveu em poema o Pe. Boss, símbolo nacional do Brasil e do acolhimento universal.

Andressa Collet - Vatican News

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O Cristo Redentor acaba de comemorar 89 anos e já se prepara para a festa dos seus 90 anos como símbolo nacional do Brasil e do Rio de Janeiro, e também do acolhimento universal já que, “de braços abertos, nos ensina que podemos ter um mundo de irmãos”, recordou o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta. Ele presidiu a missa de ação de graças no dia do aniversário do monumento, e da padroeira do Brasil, na última segunda-feira, 12 de outubro.

A celebração de ação de graças aos pés do Cristo Redentor
A celebração de ação de graças aos pés do Cristo Redentor

Uma história de muitos irmãos

A inauguração em 1931 por dom Sebastião Leme, porém, concretizou um trabalho conjunto: a primeira ideia de um monumento religioso do gênero partiu de um sacerdote francês, o Pe. Boss, e realizado para o centenário da independência do Brasil pelo projeto do engenheiro Heitor da Silva Costa, o pintor Carlos Oswald e o escultor Maximiliam Paul Landowsky.

O “gigante de pedra”, como descreveu Pe. Boss em poema, tem 30 metros de altura - sem contar os 8 metros do pedestal - e pesa mais de mil toneladas: é a terceira maior escultura de Cristo no mundo e equivale a um prédio de 13 andares. Por estar no alto do Corcovado, o monumento foi projetado para resistir a ventos fortes, até mesmo de um furacão de categoria 5.

Para concretizar a obra, eleita desde 2007 uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno, ainda em 1923 a Arquidiocese do Rio, assumida por dom Leme, chegou a promover a “Semana do Monumento” para arrecadar fundos para a construção, feita inteiramente com as doações do povo brasileiro. O cardeal Orani explica no detalhe:

“Nosso antecessor, cardeal Leme, ouvindo o clamor das pessoas, de toda uma tradição que vinha muito tempo atrás – desde a época do Império, constituiu uma comissão que, além de estudar onde e como e qual seria realmente a imagem a ser colocada, também fez uma campanha - não só no Rio de Janeiro, mas pelo Brasil todo - para construir essa estátua do Cristo Redentor, no alto do Corcovado que, de uma certa forma, representa o Brasil. Justamente, no trabalho da Arquidiocese do Rio de Janeiro, construída com todo o dinheiro do povo brasileiro, também feito por arquitetos e engenheiros brasileiros, como também, consultores franceses. Mas é tudo feito pelo Brasil e, até hoje, é um grande símbolo.”

O domínio da área do monumento, no alto do Corcovado, é oficialmente da Arquidiocese do Rio desde 1934. Em 2012, o Cristo Redentor foi incluído na lista dos Patrimônios da Humanidade pela Unesco.

O Cristo Redentor durante a pandemia

Atualmente, devido à pandemia, o monumento precisou ficar fechado para visitação pública. Mas os fiéis puderam seguir as celebrações, as bênçãos e orações através de transmissões virtuais direto do Cristo Redentor. Também foram realizadas campanhas – inclusive de nível internacional - e projeções de imagens do alto do Corcovado: “temos certeza que, ao anunciar Jesus Cristo, sinal de esperança, nós também estamos buscando que as pessoas que passam pela tribulação, pela dificuldade, continuem confiando no Senhor e, desse santuário arquidiocesano, possa sair todas as bênçãos para o nosso país”, comentou o arcebispo do Rio.

A projeção de imagens no Cristo Redentor
A projeção de imagens no Cristo Redentor

As campanhas sociais

O primeiro santuário a céu aberto do mundo também procurou intensificar as ações solidárias neste difícil período de crises, evidenciadas pela pandemia:

“Nós também agradecemos a Deus por todo o trabalho social empreendido através da ação de amor no Cristo Redentor, que teve várias iniciativas: de alimentos, quentinhas, cobertores, roupas e presentes para as crianças. Enfim, sempre há um trabalho muito importante como consequência do trabalho da missão do Cristo Redentor. Durante o tempo da pandemia, muitas pessoas e paróquias foram beneficiadas com alimentação para as famílias através da ação de amor do cristo redentor que também ultrapassou as fronteiras diocesanas. Foi também para outras dioceses do regional e, através também de um cartão especial, foi também para muitas regiões do Brasil.”

O gigante de pedra e a demonstração de fé

A imagem do Redentor, em perfeita harmonia entre a arte e a engenharia, tem o corpo de Cristo que forma uma cruz, com o tronco ereto e os braços abertos. Apenas a cabeça e as mãos foram moldadas, em tamanho real, em Paris, e levadas ao Brasil em dezenas de partes numeradas que posteriormente foram montadas.

O monumento é feito de concreto armado e pedra-sabão, muito resistente à erosão, encontrada em abundância na época no país e a essência do projeto. As peças no material foram cortadas em triângulos, coladas num tecido por mulheres da sociedade que acabaram por escrever os nomes dos seus parentes no verso, como recorda o arcebispo do Rio, uma demonstração de fé e gratidão pelo “gigante de pedra”:

“Uma das coisas marcantes da imagem no Redentor é que, sendo ela mesmo de concreto, por dentro, é revestida por pequenas pedrinhas retiradas de uma pedra-sabão, encontrada em Minas Gerais, aqui no Brasil, e que atrás de cada pedrinha tem o nome de pessoas. Pessoas que contribuíram e que ajudaram a construir justamente essa imagem. Lembrando, portanto, dessa construção, estamos a fazer também cada um com a sua pedrinha nessa sociedade que somos todos nós. E o centro do Cristo Redentor, que é o coração, é a única parte do Cristo que tem a correspondência interna também. Assim como tem por fora o símbolo do coração, também dentro tem e é onde também os construtores, aqueles trabalharam, colocaram os seus nomes ali, mostrando que o centro de tudo é o Coração de Jesus que foi a primeira inspiração, inclusive, para a estátua do Cristo Redentor. Mas, devido à questão de ventos e de instabilidade, acabou chegando à conclusão que o Cristo de braços abertos daria muito mais estabilidade e, até mesmo para nós, é um sinal muito bonito, dessa abertura dos braços para acolher a todos e como é a tradição do nosso povo brasileiro."

“Portanto, que assim como cada pedrinha que tem atrás os nomes de pessoas que colaboraram para construir o Redentor, que nós também possamos fazer a nossa parte, tendo Cristo como Pedra Angular, como coração de toda a nossa vida, sermos também aqueles que são Pedras Vivas na construção deste mundo novo, tão necessário, de paz e de justiça.”

O panorama do alto do Corcovado
O panorama do alto do Corcovado

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14 outubro 2020, 12:31