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João Paulo II no Encontro Inter-Religioso de 1986 em Assis João Paulo II no Encontro Inter-Religioso de 1986 em Assis 

A fraternidade entre as religiões, a grande herança de Assis 1986

Depois de 34 anos da convocação do Dia Mundial de Oração pela Paz em Assis em 27 de outubro de 1986 por São João Paulo II, a diocese local revive esse momento destacando a importância daquele encontro. “Antes as religiões ou estavam umas contra as outras, ou eram indiferentes. Hoje vemos que as religiões, fortes pelas suas diferenças, são colocadas a serviço de um projeto para a humanidade”

Francesca Sabatinelli – Vatican News

Fraternidade entendida como amor puro, elevado e incondicional, que supera as diferenças, o que se torna uma resposta às situações críticas de hoje. Inspirados pela encíclica Fratelli tutti do Papa Francisco, três jovens representantes de diferentes credos discutiram como as religiões podem se colocar a serviço da fraternidade no mundo.

O encontro online reuniu Svamini Atmananda uma jovem religiosa hindu, Susanna Perugini animadora do projeto Policoro diocesano, e um jovem marroquino Abdelhakim Bouchraa, estudante de estudos islâmicos em Sarajevo. O encontro foi apresentado pelo bispo da diocese de Assis - Nocera Umbra - Gualdo Tadino, Dom Domenico Sorrentino e moderado pelo presidente da Comissão do Espírito de Assis da diocese, assim como presidente da Pro Civitate Christiana de Assis, Padre Tonio Dell'Olio.

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O padre Dell’Olio explica a escolha dos jovens: "Porque queremos semear e investir nas novas gerações, para um futuro melhor, assim como marcar o presente, porque é realmente muito bom entender como nas escrituras, no credo destas religiões, a fraternidade tem plenos direitos de cidadania, e portanto este é um dos núcleos em torno do qual podemos nos encontrar”.

Fraternidade, o antídoto à violência

A fraternidade, segundo a religiosa Svamini, "deve ser interpretada como o amor mais puro, mais elevado e incondicional, que vai além das diferenças, que reconhece, como o ensinamento hindu, a essência divina em todos os seres, que também reconhece empatia com a criação e fraternidade com tudo o que nos rodeia". Enquanto que o jovem marroquino Abdhakim especifica que o ser fraterno requer uma certa profundidade, o que falta, por exemplo, às lógicas que conduzem a atos de terrorismo, gerados mais por dimensões de desconforto social, psicológico, ambiental do que por um caminho de fé.

Religiões em ajuda às sociedades afligidas pelo individualismo

"Em contraste com a fraternidade - explica Dell'Olio - hoje encontramos uma sociedade que tem dificuldade em viver relações profundas, que se fecha, ou que tende a se fechar, no individualismo ou na solidariedade a curto prazo, ou seja, as dos clãs, dos nacionalismos, dos populismos, que até mesmo a encíclica Fratelli tutti coloca em destaque.

É fundamental a convicção de que as religiões podem ser "uma alavanca de força, uma espécie de estratagema eficaz", a fim de retomar um diálogo pronto para se transformar em encontro e fraternidade. "Hoje", continua o sacerdote, "estamos seriamente atrasados. Também com relação à pandemia, por exemplo, os modelos que são afirmados podem ser o de ‘nos salvamos todos juntos’ ou o de ‘salve-se quem puder’. Esperamos que se possa investir na primeira solução”.

34 anos de caminho ao serviço da humanidade

O padre Dell'Olio recorda o período anterior ao 'Assis '86', naquela época as religiões ou estavam umas contra as outras, ou eram indiferentes, ou se confrontavam no nível das próprias profissões de fé. Hoje, ao contrário, vemos que as religiões, fortes pelas suas diferenças, são colocadas a serviço de um projeto para a humanidade. Portanto, estes 34 anos, não foram desperdiçados, eles levaram ao documento de Abu Dhabi sobre a Fraternidade Humana, assinado pelo Papa e pelo Imame Al-Tayyeb, e à assinatura, em Assis, da encíclica Fratelli tutti. "A proclamação da fé não é possível", concluiu o padre Dell'Olio, "se não nos abrirmos, e a fraternidade só é possível se começarmos a cultivar nossas relações".

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28 outubro 2020, 11:16