História do padre Pier Luigi Maccalli é o retrato da instabilidade do Sahel
Vatican News
O sequestro do Padre Pier Luigi Maccalli, que começou no Níger e terminou no Mali, é um exemplo da ação fronteiriça de grupos jihadistas que atuam no Sahel: fronteiras de areia e móveis, facilmente invadidas por pequenos grupos armados, que não se agem mais com cavalos ou camelos, mas em motos e caminhonetes, dotadas de armamentos bélicos. Estas são as famosas “técnicas” adotadas em conflitos na Somália e em vários outros campos de guerra.
A libertação do missionário italiano, como a do seu compatriota Nicola Chiacchio, a de Sophie Petronin, agente humanitária francesa, e de Soumaïla Cissé, líder da oposição malinês, ocorreu nesta quinta-feira (8/10).
O contexto em que ocorreu a libertação dos reféns é muito complexo. O Mali passa por um momento político difícil, depois que um governo de transição se instalou em Bamako, em 5 de outubro, sob a égide dos militares, que depuseram o presidente Ibrahim Boubacar Keita, em 18 de agosto.
O novo governo libertou pelo menos 200 pessoas, apresentadas como membros de grupos jihadistas, mas pouco se sabe sobre a sua identidade. Presume-se que tal libertação possa ter acontecido a pedido dos sequestradores em troca da libertação dos reféns, todos sequestrados no Mali. Padre Maccalli foi sequestrado na noite de 17 de setembro de 2018, na missão de Bomoanga, a cerca de 150 quilômetros da capital nigeriana, na fronteira com Burkina Faso.
Recordamos que, no Mali, ainda continua desaparecida a freira colombiana, Gloria Cecilia Narvaez Argoti, sequestrada em 8 de fevereiro de 2017, na aldeia de Karangasso.
O sacerdote Mauro Armanino, coirmão do Padre Maccalli, ambos da Sociedade das Missões Africanas (SMA), que também trabalha no Níger, enviou uma mensagem à Agência Fides, na qual descreve as circunstâncias da libertação do missionário: “Mudança de governo, militares no comando, negociações provavelmente secretas, sob a regia francesa; prisioneiros de areia em troca de prisioneiros de areia; a libertação ocorreu à noite e, de repente, se abre um cenário, mantido em segredo por anos. Tudo isso em troca da liberdade de outros presos, inocentes ou assassinos”.
As fronteiras arenosas do Sahel permite a passagem de grupos jihadistas impunidos, que causa agitação nos países da região: Mali, Níger, Burkina Faso, além de outros estados vizinhos, como a República Centro-Africana e Camarões, que passam por uma grave instabilidade.
A história do Padre Pier Luigi Maccalli, que teve um final feliz, é apenas um exemplo da volubilidade nas fronteiras, que já causou quase três milhões de deslocados e refugiados na faixa do Sahel.
Agência Fides - LM
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