Bispos do Paraguai indignados pela corrupção e a pobreza em aumento
Vatican News
Os bispos da Conferência Episcopal do Paraguai publicaram uma forte mensagem que condensa as deficiências e desafios da nação para alcançar o bem comum subjugado pela desigualdade, pela burocracia, pelos interesses mesquinhos de poucos, pela pobreza de muitos, pelo desrespeito aos povos nativos e pelo empobrecimento do patrimônio de todos. A pandemia da Covid-19 e sua dramática irrupção na vida humana somada em uma "nova realidade" abre a ampla reflexão dos Bispos do Paraguai publicada no final da 227ª Assembleia Plenária Ordinária.
O contexto incomum para a vida da Igreja e do país devido à emergência sanitária está enquadrado na mensagem da Conferência Episcopal do Paraguai (CEP) à luz da fé, da esperança e da caridade na missão evangelizadora da Igreja. Mas também com a firmeza dos pastores que compartilham as situações que afligem seu povo, os eventos que os "indignam" e os "desafios pendentes" na sociedade paraguaia.
O Paraguai precisa de igualdade e desenvolvimento
"A corrupção, tanto pública quanto privada, não deixa de prejudicar nossa confiança e de desperdiçar os recursos destinados a melhorar as condições de vida de nosso povo, especialmente os setores vulneráveis", denunciam os bispos. E reiteram a necessidade de igualdade, desenvolvimento, saúde, educação, alimentação, trabalho, abrigo, terra e a dignidade de toda a vida. Os prelados descrevem o desempenho de muitas instituições como frágil e ineficaz, "mais interessadas no benefício do poder do que em servir ao bem comum", com uma gestão que atrasa e impede a implementação de políticas públicas adequadas às demandas dos diversos setores sociais e econômicos do país.
Evitar migrações internas
Advertem que a falta de seriedade e de respostas oportunas causam o fechamento de atividades comerciais e a perda de empregos que "hipotecam o presente e o futuro de muitos jovens e famílias". "Tudo indica que a pobreza continuará a aumentar e que devemos enfrentar juntos o desafio de superar a desigualdade estrutural, que gera isolamento e marginalização, polarização e divisão entre irmãos. Devemos unir forças para que o número de migrantes internos não aumente, que muitos camponeses não deixem o campo, que os povos indígenas não sejam retirados de seu habitat natural", destaca a mensagem.
A Hidrelétrica de Itaipu, um recurso de todos
Outra questão séria levantada pela Conferência dos Bispos é a "renegociação do Anexo C do Tratado da Itaipu Binacional" que pode representar uma oportunidade, se o uso da energia e dos bens gerados por esta hidrelétrica servir para promover a integração, a justiça e o desenvolvimento. "Itaipu é, em nossa história, um marco que gerou importantes transformações na economia e na cultura do Paraguai, ao mesmo tempo em que tem sido, desde seu início, um espaço cobiçado por interesses mesquinhos. Deve ser de interesse e consenso nacional que esta empresa seja orientada para o que ela é chamada a ser: Um bem comum, que gera possibilidades de desenvolvimento, e administrado corretamente", insistem os bispos.
Reconciliação, diálogo e bem comum
"Portanto, instamos as autoridades públicas, líderes políticos, sociais e econômicos, a não pouparem esforços para promover um diálogo social aberto, participativo e transparente, levando à definição e implementação de políticas e ações apropriadas para este momento. Esta é uma condição indispensável para encontrar o consenso básico que precisamos como nação para alcançar o bem comum", conclui a mensagem.
Vatican News Service- ATD
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