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Papa Francisco com as crianças de Bangui, República Centro-Africana Papa Francisco com as crianças de Bangui, República Centro-Africana  

República Centro-Africana: no coração do Papa e da missionária irmã Elvira

A República Centro-Africana sempre esteve no coração do Papa Francisco, e em 2014 confidenciou seu desejo de ir ao país à missionária Irmã Elvira Tutolo. A história da religiosa que vive no país há mais de 25 anos em um livro.

Vatican News

A República Centro-Africana sempre esteve no coração do Papa Francisco. As notícias das incessantes violências que não poupavam a comunidade cristã, com o saqueio de igrejas e o assassinato de padres, religiosas e agentes pastorais, não o deixavam tranquilo. E, apesar das dificuldades e perigos que isso implicaria, repetia com frequência aos colaboradores mais próximos a sua intenção de ir àquele país devastado para testemunhar sua proximidade com o povo e a comunidade cristã, e para lançar um forte apelo à reconciliação.

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O desejo de ir à República Centro-Africana

Francisco confiou este seu desejo à Irmã Elvira Tutolo em uma quarta-feira - era 19 de novembro de 2014 - no final da audiência geral na Praça de São Pedro. Naquela manhã, de fato, assim que soube que a religiosa era da República Centro-Africana, Francisco não se limitou a um aperto de mão e uma saudação circunstancial, mas parou por mais tempo para conversar com ela. Perguntou-lhe como era a situação atual no país, o clima político; ouviu suas dificuldades e esperanças, encorajando-a a seguir em frente. Com uma promessa: assim que as condições permitissem, ele iria para lá, para a República Centro-Africana. E os dois se despediram, marcando um ao outro um tácito encontro.

Promessa cumprida

O Papa cumpriu sua promessa. No ano seguinte, em 29 de novembro de 2015, ele chegou a Bangui no que provavelmente continua sendo a visita logisticamente mais difícil e arriscada do pontificado, como recordam ainda hoje os que trabalharam para torná-la possível, e viveram aquela jornada em um clima de tensão e preocupação palpável.

Abertura da Porta Santa em Bangui

Foi uma visita breve, mas significativa. Francisco escolheu a capital da República Centro-Africana para iniciar o Jubileu da Misericórdia, abrindo a primeira Porta Santa não no Vaticano, mas na Catedral de Bangui. Foi um fato inédito na história dos Jubileus. Assim, mesmo que por um dia, aquele lugar distante e pouco conhecido tornou-se o centro espiritual do mundo. Não apenas isso. A visita papal, embora tenha sido de poucas horas, significou que por uma vez os olhos do mundo estavam focados naquele país esquecido. Um país marcado pela miséria apesar de seus enormes recursos naturais, saqueado pelo velho e novo colonialismo, mas empenhado em um conturbado caminho de reconciliação nacional.

Situação ainda difícil

Um caminho que, também graças a essa visita, fez progressos significativos, mas infelizmente ainda não chegou ao fim; grandes áreas do País ainda estão sob o controle de gangues rebeldes interessadas apenas em administrar a riqueza do território. Mas se o Papa manteve a sua palavra, Irmã Elvira não conseguiu estar presente naquela tão esperada visita. Um problema de saúde a deteve na Itália, enquanto o Pontífice estava na África Central. Mas pela televisão, com emoção e gratidão, a irmã acompanhou aquela histórica visita; viu Francisco entre o "seu" povo, reconhecendo alguns rostos na multidão que lotava as calçadas, e escutou as palavras do Papa que insistiam no diálogo e na paz.

Diálogo e Paz em prática

O diálogo e a paz que ela colocava em prática todos os dias - e ainda hoje o faz - com tenacidade, através de atividades destinadas a acolher e recuperar crianças e jovens tirados das ruas e das gangues armadas. Este livro é um testemunho do compromisso de uma vida inteira. Uma existência gasta em grande parte em terras de missão, em meio a mil dificuldades, mas rica em alegrias e satisfações.

Nada é impossível a Deus

Como pode ser visto pela leitura destas páginas, houve também momentos tristes e dramáticos; assim como momentos de desânimo. Mas Irmã Elvira, é uma pessoa firme e determinada que não desiste facilmente, nunca desistiu, transformando cada obstáculo a ser superado em uma meta a ser alcançada, cada dificuldade em um desafio a ser vencido. E como nada é impossível a Deus ela sempre olhou para frente com confiança, confiando na providência divina. E continua fazendo isso diariamente, com resultados incríveis, apesar dos perigos.

Ajuda nas redes sociais

E os riscos são muitos assim como é testemunhado por alguns episódios dramáticos contados e pelas mensagens que a Irmã Elvira envia a seus amigos e apoiadores através das redes sociais. De fato, além das notícias sobre os progressos realizados e das fotos de seus jovens aprendendo uma profissão, das mães que acariciam seus filhos, pais felizes por finalmente terem um emprego e uma perspectiva futura, algumas dessas mensagens ainda documentam com crueza episódios de violência e assassinatos. Ataques que acontecem perto de sua missão em Berberati e que, como no passado, não poupam a comunidade cristã. Mas quem pode deter esta pequena e grande mulher que não tem medo de esbofetear, na frente de seus homens armados, o líder de um bando de rebeldes que não quer ouvi-la?

“Irmã Elvira Tutolo, é missionária das Filhas da Caridade de Santa Joana Antida Thouret, originária de Termoli, na Itália. Há 25 anos é missionária na África, primeiro no Chade e desde 2001 em Berberati, na República Centro-Africana. “A África no coração” é um livro que conta a história da missionária Irmã Elvira Tutolo, escrito pela jornalista Antonella Salvatore e publicado pela editora Albatros. A renda das vendas irá para a missão humanitária da missionária na República Centro-Africana”

(L'Osservatore Romano)

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26 novembro 2020, 10:22