El Salvador: 29 anos após assinatura dos Acordos de Paz, injustiça continua
Vatican News
No seu habitual encontro dominical com os jornalistas, o arcebispo de San Salvador, Dom José Luis Escobar Alas, começou falando sobre o pedido feito ao Congresso de uma modificação da Constituição, para que seja incluído o direito humano de todo cidadão à alimentação adequada.
Os cidadãos de El Salvador, de fato, não gozam deste direito, embora o país tenha assinado os acordos propostos pelas Nações Unidas desde 1948. Como assinalou o arcebispo, “o país carece de uma política de segurança alimentar e nutricional. Espera-se que seja aprovado na assembleia do próximo dia 19 de Janeiro".
Dom José Luis Escobar Alas também falou sobre os "Acuerdos de Paz" de 29 anos atrás, ressaltando que não deveriam continuar a ser celebrados, porque a população ainda aguarda a sua concretização. Ademais, a mudança de nome feita pelo presidente Bukele não interessa, visto o conteúdo ser muito mais importante do que o nome.
Em 16 de janeiro de 1992, o governo assinou um acordo de paz com os guerrilheiros de esquerda no Castelo de Chapultepec, na Cidade do México, pondo fim a uma guerra civil de 12 anos, que vitimou 75.000 salvadorenhos.
Inicialmente, os Acordos de Paz foram bons, mas tudo ficou por ali mesmo, disse o arcebispo, explicando que “o processo de paz exigido não se concretizou, todas as famílias das vítimas ficaram decepcionadas e toda a população está impotente diante de uma lei de anistia que não permitiu que a justiça fosse fieta”. “É verdade - reconheceu Dom Escobar Alas - que o primeiro acordo foi viver em democracia, mas a injustiça continua“.
“Já se passaram 29 anos desde essa assinatura, e não vemos a verdadeira reforma a que se propunha. É uma coisa muito triste - afirmou-. Por exemplo, a reforma tributária. Nada foi feito a respeito. Os pobres continuam a pagar os mesmos impostos que os ricos. A reforma da previdência, outro caso semelhante. A reforma educacional, ainda nada. Somente com a reforma constitucional da água conseguimos nosso intento, mas com grande dificuldade e sem as propostas de uma verdadeira reforma. É por isso que estes Acordos de Paz não são vistos sob esse prisma. Há sempre violência. Eis porque insistimos que os Acordos de Paz representaram algo bom, mas ainda precisam de ser concretizados, para dar origem a uma nova sociedade”.
O arcebispo sublinhou então, que “celebrar os Acordos que não foram implementados é um verdadeiro pecado, não faz sentido. Queremos justiça, e justiça para o povo. Já há 5 anos propomos a Lei da Reconciliação, mas ainda nada”, concluiu.
Agência Fides - CE
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